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América Latina

Empresa nega que mineiros tenham alertado para desabamento

20 out 2010 - 11h51
(atualizado às 12h59)
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A empresa San Esteban, dona da mina San José, onde 33 mineiros ficaram presos por 69 dias após um desabamento, negou em um comunicado que os trabalhadores tenham advertido para o risco no dia do acidente e que teriam solicitado autorização para abandonar o local.

Mineiros de Copiapó protestam por melhores condições de trabalho aos trabalhadores da mina San José
Mineiros de Copiapó protestam por melhores condições de trabalho aos trabalhadores da mina San José
Foto: Reuters

"A nenhum de nós, os responsáveis pela operação da mina no momento, manifestaram, nem por parte de algum trabalhador nem do chefe de turno a cargo, comentário algum a respeito de ruídos ou explosões incomuns", afirma o comunicado.

"Muito menos solicitaram permissão para abandonar o trabalho em consequência do suposto risco que se corria", completa o texto, assinado pelo chefe de operações Carlos Pinilla e pelo gerente de minas Pedro Simunovic.

Carlos Vilches, parlamentar que integra a comissão de inquérito da Câmara dos Deputados sobre o acidente na mina San José, afirmou após uma conversa com o mineiro Juan Illanes que os trabalhadores haviam alertado para o risco de desabamento na manhã do acidente.

Segundo Vilches, os mineiros pediram para sair da mina três horas antes do desabamento por causa dos fortes barulhos que ouviram no interior da jazida, mas o pessoal encarregado negou a autorização.

"Ele me disse que às 11h começaram a ouvir ruídos muito fortes. Pediram para sair e lhes negaram a permissão. Eles acham que houve negligência dos donos e gerentes da mina", afirmou Vilches ao jornal La Tercera.

"Eles sabiam das condições e do risco (...). O mais razoável a fazer era tirá-los de lá", destacou. A versão teria sido confirmada por outros dois mineiros, Omar Reygadas e Jimmy Sánchez - que, consultados pela imprensa local, mencionaram o pedido de ajuda.

"A mina estava fazendo barulho e nos deixaram lá dentro, mas não posso falar mais do que isso", afirmou Jimmy Sánchez, o mais jovem dos mineiros presos.

Segundo Reygadas, deve ter sido o chefe de turno, Luis Urzúa, ou o capataz Florencio Ávalos quem contatou o gerente de operações da mina, Carlos Pinilla, para adverti-lo sobre os ruídos.

Sem autorização

A mina San José funcionava sem cumprir determinações de segurança do Serviço Nacional de Geologia e Minas do Chile (Sernageomín, na sigla em espanhol). Depois da última interdição, em julho passado, os trabalhos foram retomados com autorização do órgão fiscalizador, mesmo sem cumprir as determinações exigidas.

Essas informações constam no relatório feito pela Comissão de Minas e Energia da Câmara de Deputados do Chile, e foram confirmadas pela proprietária da mina, a Compania Mineria San Esteban Primeira S.A., em conversa telefônica com a reportagem do Terra.

O documento aponta que, ao ser reaberta, após um acidente que amputou a perna de um mineiro em 3 de julho, a mina não tinha uma segunda saída (que poderia ter evitado o enclausuramento dos 33 homens) e uma escada no duto de ventilação - requisições que haviam sido feitas pelo Sernageomín em dezembro de 2009.

Mesmo assim, foi liberada para funcionamento pelo subdiretor regional do Sernageomín no Atacama, Rodolfo Díaz. Trinta e quatro dias após a mutilação do mineiro, a San José soterrou 33 homens. Eles foram resgatados na quarta-feira da semana passada, após uma operação de 22 horas que acabou com 69 dias de espera.

Com informações da agência AFP

Fonte: Redação Terra
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