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América Latina

"Ela está linda", diz mineiro que conheceu filha após resgate

16 out 2010 - 21h43
(atualizado em 17/10/2010 às 01h49)
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Ariel Ticona, um dos 33 mineiros recém-resgatados da mina San José, passeou tranquilamente por seu bairro, este sábado. Ele contou que quer descansar para voltar à vida normal e retomar suas paixões: o futebol, a família e a mineração.

"Agora, quero descansar e voltar no ano que vem à mineração", disse Ariel Ticona à AFP enquanto passeava pelo bairro, após passar 69 dias preso a mais de 600 metros debaixo da terra.

O único que o delatam são os óculos escuros, que os médicos aconselharam que usasse para se proteger do sol após dois meses de escuridão. No mais, poderia ser confundido com qualquer vizinho de Manuel Rodríguez, bairro humilde dos arredores da cidade de Copiapó.

Ticona, de 29 anos, ficou famoso porque durante os dias em que permaneceu preso na mina teve uma menina, a filha tão esperada depois de dois filhos homens, e a quem a família deicidiu chamar Esperanza. "Está linda, muito linda. É bonita, maravilhosa", disse. Ele só a conheceu no hospital de Copiapó, onde esteve internado durante quase dois dias.

O parto ele assistiu em um vídeo enviado por seu irmão através de uma sonda até as profundezas na mina. Ariel não presenciou o nascimento de seus filhos homens, hoje com 9 e 5 años. "Mas este sim queria ver, mas bom, não deu. Deus quis assim", contou na rua, na esquina de sua casa, já transformado em herói do bairro e de todo o Chile.

Para Ticona, o penúltimo mineiro a deixar a mina, a experiência não foi tão grave. "Foi muito mais difícil para a minha família. Foi pior para eles do que para nós", afirmou. "Eu sempre tive a mente bem fria", explicou este homem que trabalhava na mina de San José, conduzindo máquinas pesadas. Embora nos primeiros 17 dias (quando nada se sabia deles) foram "tremendos", afirmou.

Desmoronamento
Em 5 de agosto, um desmoronamento na mina San José, em Copiapó, deixou 33 trabalhadores presos em uma galeria a quase 700 m de profundidade. Após 17 dias, as equipes de resgate conseguiram contato com o grupo e descobriram que estavam todos vivos por meio de um bilhete enviado à superfície. A partir daí, começou a operação para retirá-los da mina em segurança.

A escavação do duto que alcançou os mineiros durou 33 dias. O processo terminou no dia 9 de outubro, sábado, quando os martelos das perfuradoras chegaram até o abrigo onde eles estavam. Concluída esta etapa, as equipes de resgate decidiram revestir o duto - ainda que parcialmente - para aumentar a segurança antes de retirá-los. Este trabalho terminou no domingo pela manhã.

Depois de muitos testes, o esforço final de resgate teve início às 23h19 de terça-feira, 12 de outubro, quando a cápsula desceu pela primeira vez ao refúgio dos mineiros carregando o socorrista Manuel González - e durou menos de 24 horas. Os trabalhos terminaram às 21h55 da quarta-feira, dia 13. A missão durou pouco menos da metade do tempo estimado pelas autoridades, que era de 48 horas.

Os trabalhadores foram içados dentro da cápsula Fênix II, que tem 53 cm de diâmetro. Durante todo o percurso de subida, eles tinham suas condições de saúde monitoradas, usaram tubos de oxigênio e se comunicaram com as equipes da superfície por meio de microfones instalados nos capacetes.

Ariel Ticona caminhou por seu bairro tranquilamente
Ariel Ticona caminhou por seu bairro tranquilamente
Foto: AFP
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