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Ásia

Saiba mais sibre a evolução política no Afeganistão

17 set 2010 - 12h05
(atualizado às 12h31)
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O Afeganistão, um país montanhoso, sem litoral e com a economia destruída por mais de três décadas de violência, realizará amanhã eleições parlamentares, as segundas desde a queda do regime Talibã, em 2001.

Dos cerca de 28 milhões de habitantes do país, aproximadamente 17 milhões poderão comparecer às urnas para escolher o novo presidente da nação e renovar as assembleias provinciais.

Localizado na Ásia Central, o Afeganistão foi frequentado por mercadores que percorriam a Rota da Seda, por conquistadores como o macedônio Alexandre e pelas tropas do Império britânico e da extinta União Soviética.

Ao norte, faz fronteira com as antigas repúblicas soviéticas do Turcomenistão, do Uzbequistão e do Tadjiquistão. Já a leste, faz divisa com o Paquistão e a China, enquanto a oeste tem o Irã como país vizinho.

Dividido em 34 províncias, o território afegão tem pouco mais de 652.000 quilômetros quadrados de extensão e uma sociedade tribal e multiétnica dominada pelos pashtuns. Além disso, cerca de 80% de seus habitantes são muçulmanos sunitas e menos de 20% são xiitas.

Por grupos, a população afegã encontra-se dividida entre pashtuns (38%), tadjiques (28%), hazarás (19%), uzbeques (6%) e outros pequenos grupos de origem turcomana.

O idioma mais falado no território é o pashtun. Mas todo o país também utiliza o dari, língua comercial derivada do persa.

Uma das nações mais pobres do mundo, o Afeganistão tem como moeda o afegane, uma renda per capita de US$ 220 e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 11,709 bilhões (2008).

A produção e o tráfico de drogas, mesmo após a ocupação americana, continuam uma das principais atividades econômicas do país, que exporta 90% dos opiáceos consumidos no mundo.

A expectativa de vida, tanto de homens como de mulheres, é de 44 anos, e, segundo dados referentes a 2006, só 28% da população afegã com mais de 15 anos sabe ler e escrever.

Assolado por mais de três décadas de violência, o país foi governado de 1933 a 1973 pelo rei Zahir Shah. Este foi derrubado pelo primo Mohammed Dawoud, que governou como presidente até ser assassinado em 1978.

Depois de Dawoud, ocuparam a Presidência: Nour Mohammed Taraki, assassinado em setembro de 1979, e Hafizullah Amin, executado quando as tropas da então União Soviética invadiram o país em dezembro do mesmo ano.

Em seguida, Brabak Karmal, secretário-geral do Partido Popular Democrático do Afeganistão, governou sob o controle de Moscou até 1986, ano em que foi substituído por Mohammad Najibullah.

Quando invadiram o Afeganistão, os soviéticos chegaram a ter cerca de 120 mil soldados no país, mas os mujahedines, apoiados pelos Estados Unidos, foram minando seu domínio.

Em fevereiro de 1989, os soldados soviéticos abandonaram o país e Nayibullah foi capturado e executado pelos combatentes islâmicos em 1992.

A partir desse ano e até meados da década, os diferentes grupos de radicais, encabeçados por poderosos "senhores da guerra", passaram a lutar entre si.

Em1996, o regime talibã acabou com o domínio dos mujahedines e impôs em 90% do território um sistema de leis muçulmanas que, além de proibir a música e o teatro, excluiu as mulheres da educação e da vida profissional.

O Talibã, nunca reconhecido pela ONU, deu refúgio a Osama bin Laden, que organizou do Afeganistão a rede terrorista Al Qaeda, responsabilizada pelos atentados de 11 de setembro de 2001.

Após esses graves atentados, os militares americanos atacaram o Afeganistão em outubro de 2001 e derrubaram os talibãs, o que fez a Aliança do Norte (contrária ao Talibã) ocupar Cabul em novembro.

Em dezembro do mesmo ano, na Conferência de Bonn para a Reconstrução do Afeganistão, o pashtun Hamid Karzai foi escolhido presidente interino.

Com a maior parte do país ainda sob o controle dos "senhores da guerra", a Loya Jirga -Grande Assembléia das Tribos -, com 500 representantes, aprovou em janeiro de 2004 uma nova Constituição.

Após sucessivos adiamentos, em outubro de 2004 aconteceram as primeiras eleições presidenciais democráticas do Afeganistão, nas quais Karzai foi eleito com 55% dos votos e o apoio de Washington.

Como principal aliado, o Governo de Karzai contou com as forças americanas desdobradas na chamada operação antiterrorista "Liberdade Duradoura" e com a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), integrada por soldados de 47 países, sob comando e com o mandato da ONU.

Sem a consolidação da segurança, a violência aumentou no país durante os últimos anos. Mais de dois mil soldados estrangeiros morreram desde a invasão em 2001.

A imprensa local estima em 20 mil o número de civis mortos por causa do conflito desde 2001, mas não há dados oficiais. A ONU divulgou relatórios semestrais e/ou anuais nos últimos três anos, que registram 7.324 civis mortos entre janeiro de 2007 e junho de 2010.

Os dados mostram a intensificação do conflito: 2009 foi o pior ano para a população civil (2.412 mortos), mas nos primeiros seis meses de 2010 já morreram 1.271 pessoas.

A deterioração da segurança foi, de fato, o argumento usado no fim de 2009 pelo presidente americano, Barack Obama, para relançar a implicação internacional no conflito afegão e anunciar um desdobramento adicional de tropas de até 150 mil, número já quase atingido.

Mas Obama estabeleceu também julho de 2011 como o mês do início da retirada de tropas do país.

EFE   
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