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Estados Unidos

Eleições podem definir estratégica de Obama no Afeganistão

17 set 2010 - 12h04
(atualizado às 12h27)
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As eleições legislativas de amanhã no Afeganistão são uma boa chance para comprovar a estabilidade do país, antes de o governo dos Estados Unidos realizar em dezembro sua revisão da estratégia da guerra.

Essa revisão será essencial para determinar se serão mantidos os planos do presidente americano, Barack Obama, para começar a retirada dos EUA do Afeganistão em julho do próximo ano, como prevê a estratégia atual.

Atualmente, os Estados Unidos mantêm cerca de 100 mil homens no Afeganistão, e Obama espera poder retirar gradualmente parte dessas tropas ao longo da segunda metade de 2011, fazendo com que essa força fique reduzida - se tudo ocorrer dentro do planejado - a cerca de 50 mil para 2012, o ano no qual tentará a reeleição.

Tudo isso dependerá da possibilidade de o Afeganistão demonstrar que está em condições de assumir seu próprio Governo e, sobretudo, a luta contra o talibã.

De outro modo, Washington e seus aliados da Otan teriam de planejar com muito rigor uma nova estratégia, com um custo político previsível considerável, em razão da grande impopularidade da guerra tanto nos EUA como no resto dos países aliados.

Os Estados Unidos acompanharão muito de perto o desenvolvimento do pleito do dia 18 e, sobretudo, o impacto que seus resultados possam ter na luta contra a corrupção, um dos grandes problemas desse país, e que, segundo analistas, representa um dos fatores que multiplicaram a popularidade dos talibãs entre a população.

O próprio Obama fez referência ao problema na quinta-feira passada, durante uma entrevista coletiva na Casa Branca.

O presidente americano assegurou que foram registrados certos "progressos" nesse campo no país asiático, que enfrenta eleições legislativas muito importantes esta semana.

"A única maneira de conseguir um Governo estável é com os afegãos sentindo que seus líderes lhes protegem, e a única maneira de fazer isso é reduzindo a corrupção", afirmou Obama.

"Deixamos claro que no momento no qual ajudamos o presidente Karzai a estabelecer um Governo legítimo e aceito por diversas camadas da população, a corrupção deve ser combatida", indicou o governante americano, que no entanto reconheceu que "provavelmente não" é algo que "vá acontecer da noite para o dia".

Na verdade, os indícios por enquanto não são muito tranqüilizadores, no que diz respeito ao andamento da campanha eleitoral.

A Comissão de Queixas Eleitorais no Afeganistão expressou sua preocupação porque supostamente funcionários eleitorais estão usando sua posição para favorecer determinados candidatos.

O ex-candidato presidencial Abdullah Abdullah denunciou também que funcionários eleitorais exigem aos candidatos dinheiro em troca de votos.

Neste pleito, se apresentam 2.500 candidatos para ocupar 249 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento afegão.

Até o momento, foram vetadas 76 candidaturas por razões que abrangem desde irregularidades na inscrição a vínculos com as milícias e redes mafiosas responsáveis em boa parte da extensa corrupção do país.

Além da corrupção, o grande problema destas eleições é a segurança, um dos maiores quebra-cabeças das autoridades americanas.

Na semana passada já se multiplicaram os distúrbios em Cabul diante das ameaças de um pastor protestante da Flórida de queimar o Corão em lembrança aos atentados de 11 de setembro de 2001.

Quatro candidatos foram assassinados nas últimas semanas, e dezenas de ativistas de campanha ficaram feridos.

Mas se o pleito acontecer sem maiores incidentes e a Comissão de Queixas Eleitorais o considerar aceitavelmente limpo, os EUA e seus aliados poderão respirar aliviados.

EFE   
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