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Na Escócia, papa apela por tolerância e contra ateísmo

16 set 2010 - 17h27
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O papa Bento 16 iniciou na quinta-feira sua visita à Grã-Bretanha fazendo uma de suas mais claras críticas à forma como a Igreja tratou os escândalos de pedofilia no clero, e pediu ao país que tome cuidado com o "secularismo agressivo."

Cerca de 125 mil pessoas, inclusive um pequeno número de manifestantes, assistiram à passagem do papa por Edimburgo, a capital escocesa. Ele usava cachecol verde xadrez, típico da Escócia.

Horas antes de pousar, a bordo do avião em que iniciou sua viagem de quatro dias à Grã-Bretanha, ele disse a jornalistas que se sentia chocado com a "perversão" do clero.

"É também uma grande tristeza que a autoridade da Igreja não tenha sido suficientemente vigilante nem suficientemente rápida e decidida para tomar as medidas necessárias", acrescentou.

Defensores das vítimas dos abusos sexuais dizem que os líderes da Igreja deveriam assumir uma maior responsabilidade moral e jurídica por terem feito vista grossa aos escândalos nos Estados Unidos e em vários países da Europa.

O papa tem de manter um delicado equilíbrio nas suas relações com a Igreja da Inglaterra (Anglicana), depois de propor, em outubro passado, que fossem facilitadas as regras para a conversão ao catolicismo de anglicanos insatisfeitos com a ordenação de mulheres no clero e a nomeação de homossexuais como bispos.

Isso ficará especialmente claro na sexta-feira, quando o papa se reúne com o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, chefe da Igreja da Inglaterra, em Londres.

Na quinta-feira, depois de ser recebido pela rainha Elizabeth 2a —oficialmente a chefe da Igreja da Inglaterra, fundada por Henrique 8o ao romper com Roma em 1534—, o papa falou das "profundas raízes cristãs que estão presentes em cada camada da vida britânica."

Esta é apenas a segunda visita de um papa à Grã-Bretanha, e vários grupos planejam protestos —inclusive de ateus, organizações laicas e de pessoas que desejam responsabilizar penalmente o pontífice pelos abusos sexuais.

No seu primeiro discurso como pontífice em solo britânico, Bento 16 fez um alerta contra o extremismo, e disse que as tentativas de eliminação de Deus pelos regimes totalitários do século 20 deveriam servir como "lições de humildade" sobre a tolerância.

"Hoje, a Grã-Bretanha se empenha em ser uma sociedade moderna e multicultural. Nesta desafiadora empreitada, que possa sempre manter seu respeito por esses valores tradicionais e expressões culturais que formas mais agressivas de secularismo não valorizam nem mesmo toleram mais."

Mais tarde, em uma missa ao ar livre perto de Glasgow, durante a qual Susan Boyle cantou, o pontífice disse a 65 mil pessoas que os fiéis não deveriam ter medo de promover a sua fé.

"Há alguns que agora procuram excluir a crença religiosa do discurso público para ... até mesmo mostrá-la como uma ameaça à igualdade e à liberdade", disse durante a homilia.

(Reportagem adicional de Anna MacSwan)

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