Ex-premiê da Irlanda do Norte protesta contra visita do papa

13 set 2010 - 08h37

(atualizado em 15/9/2010 às 14h48)

Uma delegação liderada pelo reverendo protestante Ian Paisley, ex-primeiro-ministro da Irlanda do Norte, irá esta semana a Edimburgo para protestar contra a visita do papa Bento XVI ao Reino Unido.

O ex-chefe do Governo da Irlanda do Norte (2007-2008) e fundador da Igreja Livre Presbiteriana, Paisley liderará um grupo composto por cerca de 60 pessoas para manifestar na Escócia sua oposição à presença de Bento XVI, cuja visita qualificou de "erro".

Em declarações à emissora "BBC", Paisley indicou hoje que o papa chega ao Reino Unido em um momento de "profunda divisão" na Igreja Católica por culpa da atuação de seus sacerdotes pedófilos, um problema que, segundo ele, o Pontífice não quer falar a respeito.

"Recebi a visita de muitos católicos romanos que se sentem doloridos pelas ações de Roma com relação aos ataques contra menores. Muitos de seus filhos foram agredidos. Acho que tenho direito, todo mundo tem direito, a dar sua opinião a respeito", explicou o reverendo.

Ele acrescentou que as manifestações contra o papa serão "pacíficas".

Conhecido durante os anos do conflito na Irlanda do Norte por suas chamas contra o catolicismo e contra o papa de então, Paisley, agora retirado da política, criticou duramente a resposta da Santa Sé aos casos de abusos sexuais contra menores na ilha da Irlanda.

Por este motivo, o reverendo se posicionou contra o convite feito ao Pontífice pela chefe de Estado e líder da Igreja protestante da Inglaterra, a rainha Elizabeth II, para visitar o Reino Unido entre os próximos 16 e 19 de setembro.

Em março passado, Bento XVI pediu perdão pelos abusos cometidos por sacerdotes pedófilos e pela cultura de encobrimento das autoridades eclesiásticas irlandesas, um gesto insuficiente para Paisley, que pediu mais rigor contra esses crimes.

Esta será a primeira visita de um papa ao Reino Unido - onde se estima que há 6 milhões de católicos - desde a viagem de João Paulo II em 1982. Naquela ocasião, no entanto, foi uma viagem pastoral, e agora será uma visita de Estado.

As relações entre a Igreja da Inglaterra e o Vaticano são tensas desde que o papa Bento XVI convocou os fiéis anglicanos descontentes com sua religião a se converterem ao catolicismo.