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Europa

Governo espanhol exige que ETA abandone totalmente a violência

6 set 2010 - 16h46
(atualizado às 19h15)
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O governo e as principais forças políticas da Espanha consideraram, nesta segunda-feira, "insuficiente" o novo cessar-fogo anunciado pela organização terrorista ETA e exigiram do grupo o abandono total e definitivo da violência, que causou mais de 800 mortes nas últimas cinco décadas.

O ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, afirmou, em sua primeira avaliação do comunicado no qual o grupo terrorista anunciou o fim de "ações armadas ofensivas", que este é um passo insuficiente, já que o grupo terrorista "tem de deixar a violência totalmente, para sempre".

Segundo Rubalca, por essa razão, o Executivo espanhol, presidido por José Luis Rodríguez Zapatero, não vê motivos para mudar "nem uma vírgula" em sua política antiterrorista. O titular do Interior considerou ainda que o cessar-fogo anunciado pela ETA é "uma pausa técnica" para sua reconstituição.

Na mesma linha, a vice-presidente do Governo, María Teresa Fernández de la Vega, disse que a declaração é decepcionante. Para ela, nenhuma outra ação, além do abandono da violência por parte do grupo terrorista, seria útil.

"É a única saída possível. A ETA sabe disso e todos os cidadãos têm de saber. Essa é a posição do governo, acho que é a posição de todos os cidadãos, a de todas as forças políticas e essa é a mensagem que hoje queremos transmitir de maneira firme e clara", declarou à emissora Punto Radio.

As principais formações políticas espanholas se mostraram cautelosas diante do anúncio da organização terrorista. Elas também consideraram insuficiente a mensagem da ETA.

Mariano Rajoy, líder do conservador Partido Popular (PP), o principal da oposição na Espanha, assinalou que o único comunicado que interessa receber da ETA é o de sua dissolução. Ele reiterou que o Governo terá seu apoio caso mantenha a atual política antiterrorista.

"Já temos experiências suficientes na Espanha para fazer caso" de outros comunicados da ETA, indicou o dirigente popular. Segundo ele, o vídeo e o comunicado do grupo terrorista transmitidos no domingo pela emissora britânica BBC "não têm nenhum valor e não mudam nada".

Para o presidente do PP no País Basco, Antonio Basagoiti, o que a ETA procura é uma "trégua eleitoral", de modo que o grupo Batasuna (ilegal) e outros considerados braços políticos dele possam concorrer às próximas eleições municipais, que serão celebradas em maio de 2011.

O Batasuna e outras formações que a Justiça espanhola considera vinculadas à ETA foram ilegalizadas em virtude da Lei de Partidos, que permite colocar na ilegalidade os partidos políticos que apoiem ou colaborem com o terrorismo, acabando com a possibilidade de concorrere às eleições.

O novo anúncio de cessar-fogo ocorre após mais de um ano sem atentados com mortes e em um momento em que os analistas consideram que a ETA está encurralada e muito debilitada pelas várias prisões de seus membros nos últimos meses, muitas delas, fruto da cooperação policial com outros países, principalmente França e Portugal.

A ETA - sigla de Pátria Basca e Liberdade - foi fundada em 31 de julho de 1959 com o objetivo de buscar a independência do País Basco.

Em seu meio século de atividades, assassinou 829 pessoas e cometeu dezenas de sequestros e milhares de extorsões.

O cessar-fogo deste domingo é o 11º anunciado pela ETA desde 1981. O último datava de março de 2006 e representou a abertura de um processo de negociação para a saída do grupo por parte do Governo de Zapatero, mas foi frustrado quando o grupo rompeu a trégua em 5 de junho de 2007.

No entanto, a ETA já havia rompido de fato o cessar-fogo com um atentado no aeroporto de Madri-Barajas em 30 de dezembro de 2006, no qual morreram dois cidadãos equatorianos.

Para o presidente do governo regional basco, o socialista Patxi López, o anúncio da ETA é tão insuficiente que "nem sequer dá resposta ao que seu próprio entorno reivindicava ultimamente".

Para o Partido Nacionalista Basco (PNV), a última declaração da ETA esconde, com seu "texto confuso", a incapacidade da organização terrorista para assumir seu "enorme fracasso".

"O comunicado da ETA não é o que a sociedade basca espera e continua esperando, porque não declara o fim total de sua atividade, inclusive as extorsões e ameaças", indicou o presidente do PNV, Iñigo Urkullu.

EFE   
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