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América Latina

Resgate avança no Chile; mineiros ingeram comida quente

1 set 2010 - 20h02
(atualizado às 20h45)
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A perfuração para resgatar os 33 mineradores soterrados no norte do Chile superou nesta quarta-feira os 20 m de profundidade, e os trabalhadores ingeriram a primeira comida quente desde que ocorreu o acidente no dia 5 de agosto.

O túnel que está sendo escavado pela máquina Raise Borer Strata 950 superou, nesta quarta-feira, os 20 m de profundidade, mas o martelo da perfuradora bateu em uma falha geológica, o que chegou a causar uma paralisação da operação, informaram as equipes de resgate.

Segundo os especialistas que colaboram nesta tarefa, o encontro de falhas pode se repetir durante a escavação dos primeiros 100 m, por isso diminuirão a velocidade para não correr nenhum risco.

No interior da mina, a 700 m de profundidade, os trabalhadores receberam nesta quarta-feira a primeira comida quente dos últimos 27 dias. O menu foi almôndegas com arroz e kiwi de sobremesa, e tudo foi enviado em uma cápsula - chamadas "pombas" - através de sondas. A noite, o jantar incluirá frango com ervilhas e uma pera.

As autoridades asseguraram hoje que a situação nutricional dos mineradores já está estabilizada, por isso a partir de agora vão receber uma dieta de 2 mil a 2,5 mil calorias diárias.

O último relatório médico assinala também que os trabalhadores "demonstraram ter um nível de tolerância alimentício positivo, o que permite afirmar que estão em boas condições de saúde".

Os especialistas da Nasa que irão auxiliar às autoridades chilenas no tratamento dos mineradores chegaram hoje à mina San José, onde permanecerão até sábado.

Os quatro integrantes da Nasa, que têm experiência no tratamento de pessoas que devem permanecer períodos prolongados em ambientes hostis e em condições de isolamento, se reuniram com os encarregados dos trabalhos de resgate.

No acampamento "Esperanza", próximo à mina, as famílias dos trabalhadores receberam nesta quarta-feira a visita de um grupo folclórico de Copiapó que apresentou uma dança tradicional chilena.

Um ambiente de alegria e otimismo se respirava entre os parentes, também por conta do segundo vídeo feito pelos mineradores e que as famílias assistiram nesta terça-feira.

Nos quase 25 minutos de gravação os operários aparecem vestidos com camisetas vermelhas, barbeados e mais limpos que no primeiro vídeo gravado na quinta-feira de na semana passada.

Os trabalhadores aparecem sorridentes e brincando, e mostram como se organizam na profundidade da mina para ordenar todos os produtos que recebem.

As imagens captam, além disso, o momento que recebem uma "pomba" com uma cama montável e outra com várias garrafas de água.

O bom estado de saúde e o ânimo mostrado no vídeo tranquilizaram os familiares. "Pareceu espetacular, nunca imaginei que iam estar tão contentes", comentou um deles.

Na área judicial do acidente na mina San José, os empresários Alejandro Bohn e Marcelo Kemeny, donos da jazida, empreenderam ações legais para declarar falência. Desta forma, a companhia não precisaria arcar com os custos do resgate e dos salários dos trabalhadores.

Segundo fontes judiciais, os advogados dos donos da mineradora San Esteban apresentaram ontem no Tribunal Civil da Corte de Apelações de Santiago uma carta para solicitar a realização de uma junta de credores para designar um responsável.

Este deve realizar um estudo dos antecedentes legais, contáveis, econômicos e financeiros da companhia para determinar a viabilidade da mineradora e propor um convênio de pagamentos ou, em caso contrário, iniciar o processo de quebra.

No texto que Alejandro Bohn entregou no tribunal assinalou que a companhia "se encontra em um estado tal, que não pode enfrentar seus compromissos mais imediatos".

O ministro de Minas do Chile, Laurence Golborne, assegurou hoje, após ficar sabendo da notícia, que "as decisões de solicitação de quebra são solicitações autônomas das companhias".

"Os tribunais determinarão as condições da quebra e como se materializa a potencial quebra de uma companhia", acrescentou Golborne.

EFE   
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