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América Latina

Moradores de favela de Buenos Aires criam canal de TV

31 ago 2010 - 06h06
(atualizado às 06h50)
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Um grupo de moradores da populosa Villa 31, uma conhecida favela do centro de Buenos Aires, criou um canal de televisão que busca mostrar os problemas e necessidades do bairro, informaram à Efe os autores da iniciativa.

"Há uns 25 jovens do bairro que trabalham para juntar as notícias e fazem cursos de jornalismo que são dados por estudantes de várias universidades", explicou o diretor do Mundo Villa TV, Víctor Ramos.

O canal, financiado pela SOS Discriminação, ONG presidida por Ramos, chega a 1.500 famílias do assentamento com conteúdos próprios e outros procedentes de canais de TV da Bolívia, Paraguai e Peru, países de origem de boa parte dos habitantes.

A exibição das primeiras "denúncias" sobre os problemas enfrentados no assentamento, como a falta de energia elétrica e água potável, "deu muito resultado", assegurou Ramos.

Os jovens também começarão a transmitir no próximo mês um jornal e, em outubro, um programa sobre moda feito por Guido Fuentes, um boliviano que criou uma escola de modelos no bairro, onde vivem mais de 30 mil pessoas de poucos recursos.

"Trata-se de um programa de entrevistas com as meninas da escola, que vai mostrar como é a vida delas e também terá a participação de modelos profissionais. Queremos mostrar que aqui vivem pessoas boas", disse Fuentes, quem em dezembro do ano passado realizou um desfile no assentamento com as jovens que treina.

O Mundo Villa TV, que aguarda a permissão oficial para funcionar, conta com estúdios e equipes próprias, com os quais produzem conteúdo, que também inclui filmes e documentários.

Da produção também participam jovens de um assentamento do bairro Bajo Flores, cujos habitantes também começaram a "receber o sinal", precisou Ramos, que informou que a Secretaria de Cultura se comprometeu a fornecer novas câmeras para a TV.

A ideia do canal, da qual também participam os diretores argentinos de cinema Norman Ruiz e Bruno Stagnaro, "surgiu como uma necessidade de expressão (dos moradores), já que muitos meios de comunicação veem as vilas como algo negativo", analisou Ramos.

O diretor da emissora antecipou que nos próximos dias irá se reunir com o jornalista argentino Dante Quinterno, criador da TV ROC, da favela da Rocinha, para criar "uma rede de canais de favelas latino-americanas".

Muitos dos moradores da Villa 31 chegaram à Argentina vindos de países vizinhos na busca de melhores condições de vida e se depararam com a escassez de oportunidades em um país onde a pobreza alcança 13,9% da população, segundo números oficiais.

Na Villa 31 foram construídos milhares de imóveis irregulares, muitos deles correm risco de desabar.

EFE   
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