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Europa

Putin quer voltar à presidência, dizem analistas russos

27 ago 2010 - 10h05
(atualizado às 10h42)
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Vladimir Putin: o baleeiro, o caçador, o piloto, o bombeiro, o motociclista, o explorador... São apenas alguns dos personagens interpretados recentemente pelo primeiro-ministro russo, que, segundo analistas do país, quer voltar a ser presidente.

O primento ministro Vladimir Putin autografa um pôster seu para meninas, na região russa de Khabarobsky
O primento ministro Vladimir Putin autografa um pôster seu para meninas, na região russa de Khabarobsky
Foto: EFE

"Tentamos acertar três ou quatro baleias ao mesmo tempo, mas só encontramos uma. Falhei três vezes, mas à quarta acertei", disse Putin após atingir um cetáceo com uma flecha, em operação com fins científicos em águas do Oceano Pacífico.

Enquanto inspecionava a península de Kamchatka ao lado das autoridades locais dessa região do extremo oriente russo, Putin subiu em uma lancha e se dirigiu a um dos santuários das baleias cinzentas.

Um dos cientistas que o acompanhavam explicou depois que havia fortes ondas na região, e que as baleias não aparecem nestas condições normalmente.

O primeiro-ministro russo fomentou desde o início uma imagem de dirigente duro e desportista, mas nos últimos tempos a televisão lhe mostra a cada semana em um remoto cantinho de seu gigante país, como um homem de ação.

Na quarta-feira, Putin andava pela região dos rios de Kamtchatka para ver com seus próprios olhos os ursos pardos que caçavam salmões, dos quais se extrai o saboroso caviar vermelho.

Como é praxe, os serviços de segurança preparam o terreno para as aventuras de Putin, para que ele não passe por nenhum percalço e que nada impeça que as imagens para a televisão sejam as mais impactantes.

A popularidade de Putin caiu a um dos níveis mais baixos desde que assumiu o poder, há mais de 11 anos, devido à má gestão do governo para combater a seca e os incêndios florestais.

As imagens que deram a volta ao mundo mostrando várias localidades russas completamente destruídas pelas chamas deixaram as autoridades em situação complicada, e os líderes temem que o descontentamento popular atrapalhe os planos nas eleições parlamentares de 2011 e presidenciais de 2012.

Putin foi às localidades que foram consumidas pelo fogo, mas isso não foi suficiente, e por isso o Governo lançou uma nova campanha de imagem para lembrar aos russos que seu primeiro-ministro vive por eles.

Pouco depois, apareceu no posto de copiloto de um hidroavião, com o qual recolheu água no Rio Oka e ajudou a extinguir dois focos de incêndios na região central de Riazan, uma das mais afetadas pelos incêndios.

Não há nada que resista ao intrépido Putin, que viajou no fim de julho à península ucraniana da Criméia, onde se encontra a frota russa do Mar Negro, para participar de uma reunião de motociclistas.

Usando óculos de sol, montou em uma Harley Davidson e circulou pelo meio da estrada junto a um grupo de motoqueiros, perante os quais pronunciou breve discurso sobre a liberdade e o romantismo das viagens sobre duas rodas.

Antes, todos os russos puderam ver na televisão como Putin acariciava uma enorme tigresa siberiana, espécie em perigo de extinção, após acertá-la com um dardo tranquilizante perto da fronteira com a China.

Além disso, colocou na tigresa um colar com um sistema de localização, e agora os movimentos do animal podem ser seguidos no site do dirigente russo.

Em outra de suas viagens, em abril, ao arquipélago Terra de Francisco José, no oceano Glacial Ártico, ajudou os especialistas a medir e pesar um urso polar recém capturado, e colocou pessoalmente um colar com GPS para avaliação de suas rotas de migração.

Putin, que é faixa preta de judô e adepto do esqui de montanha, também participou de manobras militares a bordo de bombardeiros estratégicos, caças e submarinos atômicos.

Os analistas consideram que Putin está preparando o terreno para retornar ao Kremlin nas eleições de 2012 após ceder esse cargo em maio de 2008 a seu afilhado político Dmitri Medvedev, que não conseguiu deixar a sombra de seu padrinho.

Medvedev ostenta a imagem de líder culto, o que o manteve sempre mais de dez pontos abaixo de Putin nas pesquisas de popularidade.

O atual chefe do Kremlin modificou a Constituição para ampliar o mandato presidencial de quatro a seis anos. Com isso, Putin pode ficar no poder até 2024.

EFE   
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