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América Latina

DNA ajuda a resolver crimes da ditadura na Argentina

26 ago 2010 - 14h43
(atualizado às 15h14)
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Pequenos caixões vermelhos encontram-se empilhados num escritório a algumas quadras do Congresso da Argentina, em um lembrete assustador das milhares de pessoas sequestradas e assassinadas durante a violenta ditadura entre 1976 e 1983.

Dentro desses caixotes estão os ossos das vítimas da chamada Guerra Suja identificados recentemente, que ainda não foram recolhidos pelos parentes a fim de serem enterrados três décadas depois dos assassinatos cometidos pelo próprio governo.

As identificações se aceleraram nos últimos dois anos e meio, graças à tecnologia de DNA e a uma campanha pedindo que os parentes dos desaparecidos doassem amostras de sangue.

Antropólogos forenses identificaram 120 vítimas da Guerra Suja desde 2007, cerca de um terço do total das identificações realizadas nos últimos 27 anos, permitindo que as famílias encerrem o caso e que se leve à Justiça os violadores dos direitos humanos.

O ativista francês Yves Domergue, cujos restos foram identificados este ano, tinha 22 anos quando desapareceu em 1972. A família dele procurava por respostas desde então.

"Agora podemos cumprir o luto de forma apropriada e iniciar novos processos contra os responsáveis", disse Eric Domergue, irmão de Yves.

Grupos de direitos humanos estimam que até 30 mil pessoas foram raptadas e mortas durante a ditadura militar. Muitos foram enterrados anonimamente em cemitérios locais, enquanto outros foram jogados ao mar, de dentro de aeronaves militares.

"Os perpetradores pensavam que, mesmo que descobríssemos os ossos das pessoas que jogaram no mar ou enterraram, nunca saberíamos quem eles seriam", afirmou Domergue. "Graças à ciência tivemos Yves de volta."

Antropólogos encontraram o corpo de Yves Domergue numa cova não identificada na província de Santa Fé no ano passado. Foi comparado o DNA dos ossos dele com amostras de sangue fornecidas pelo irmão e outros parentes.

Estimuladas por uma campanha iniciada em 2007 e relançada na semana passada, cerca de 3 mil famílias até agora doaram sangue a um banco de dados de DNA controlado pela Equipe Argentina de Antropologia Forense, um grupo não-governamental.

"O banco de dados significa que as famílias terão praticamente para sempre a possibilidade de obter respostas", disse Luis Fondebrider, um dos membros fundadores da equipe.

Esta semana a equipe dele enviará 600 fragmentos de ossos e 900 amostras de sangue a um laboratório particular norte-americano, que ajudou a identificar as vítimas dos ataques de 11/9 no World Trade Center, esperando que o sofisticado sistema de software encontre combinações.

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