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Oriente Médio

Especialistas: usina do Irã não cria perigo de proliferação

20 ago 2010 - 14h06
(atualizado às 14h21)
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A primeira usina nuclear iraniana, que entra em funcionamento neste sábado perto do porto de Busher, não representa um perigo de proliferação atômica, apesar da persistente preocupação em relação às ambições nucleares de Teerã, afirmaram especialistas em Viena.

A usina, construída com ajuda da Rússia, terá uso unicamente civil e isso "está garantido cem por cento", declarou o vice-ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Riabkov, em Moscou.

Mas alguns observadores temem que o combustível usado em Busher possa ser utilizado na fabricação de armas atômicas.

Os especialistas consultados, no entanto, acham que as demais atividades nucleares do Irã (como enriquecimento de urânio, apesar das sanções do Conselho de Segurança da ONU) criam um perigo de proliferação muito maior.

Segundo Mark Fitzpatrick, do International Institute for Strategic Studies de Londres, "a central apresentará um perigo se o Irã a utilizar para outros fins", como, por exemplo, a fabricação de plutônio, com o que se pode fabricar armas nucleares. "Mas, neste caso preciso, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) saberia", acrescentou.

Inspetores da AIEA, que já vigiam as atividades nucleares declaradas pelo regime islâmico, acompanharão em campo a inserção de combustível no reator.

Além disso, a central se encontra sob regime da salvaguarda da AIEA, o que significa que seus inspetores vigiarão de perto o início da produção energética.

E se assegurarão de que o combustível usado em Busher acabe na Rússia para que o Irã não possa reutilizá-lo.

"Se o Irã tentar desviar o combustível usado para transformá-lo em plutônio ou utilizar o combustível de origem para enriquecê-lo a níveis mais altos, acabaremos sabendo", destacou Fitzpatrick.

Em sua opinião, as múltiplas declarações sobre os perigos de Busher "correm o risco de desviar a atenção dos verdadeiros perigos de proliferação que representam os centros de enriquecimento iranianos e o reator de pesquisa de Arak, que pode servir para produzir plutônio".

"A energia nuclear não é problema, ao contrário das tecnologias nucleares que podem ser usadas como armas", advertiu.

Segundo Mark Hibbs, do instituto de pesquisas Carnegie Endowment, "teoricamente cada reator nuclear é uma ameaça de proliferação no sentido de que o combustível utilizado pode ser desviado e reutilizado para fabricar plutônio para bombas".

Mas acrescenta: nos últimos 50 anos não se desviou combustível de uma central nuclear sob a supervisão da AIEA para fabricar bombas "a toque de caixa".

spm/cn

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