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Ásia

Hiroshima lembra bomba atômica e pede fim das armas nucleares

6 ago 2010 - 05h41
(atualizado às 09h32)
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Pedindo o fim das armas nucleares, a cidade japonesa de Hiroshima lembrou nesta sexta-feira o 65º aniversário do lançamento da primeira bomba atômica, em cerimônia que, pela primeira vez, teve participação oficial dos Estados Unidos e do secretário-geral das Nações Unidas.

Pombas sobrevoam o Parque da Paz durante cerimônia em homenagem às vítimas da bomba atômica, 65 anos após seu lançamaneto
Pombas sobrevoam o Parque da Paz durante cerimônia em homenagem às vítimas da bomba atômica, 65 anos após seu lançamaneto
Foto: Reuters

Além do embaixador dos Estados Unidos no Japão, John Ross, participaram da cerimônia, também pela primeira vez, representantes de Reino Unido e França - aliados na Segunda Guerra Mundial e hoje potências nucleares - e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, com diplomatas de outros 70 países.

Às 8h15 locais (20h15 de quinta-feira em Brasília), exatamente a mesma hora em que o avião americano "Enola Gay" lançou a bomba atômica em 1945, as 55 mil pessoas que, segundo a agência local "Kyodo", se reuniram no Parque da Paz de Hiroshima, fizeram silêncio.

O parque ocupa a esplanada deixada pela detonação da bomba de urânio "Little Boy", que arrasou Hiroshima, uma cidade que contava então com cerca de 350 mil habitantes, segundo cálculos atuais.

Cerca de 80 mil pessoas morreram na hora, e no fim de 1945, o número de mortes já chegava a 140 mil. Muitas outras pessoas faleceram em decorrência das radiações nos anos posteriores.

Três dias depois do ataque, os EUA lançaram a segunda bomba nuclear sobre a cidade de Nagasaki, causando 74 mil mortes até o final daquele ano, levando o Japão à rendição e colocando fim à Segunda Guerra Mundial.

Na cerimônia que marcou os 65 anos da tragédia, o prefeito de Hiroshima, Tadatoshi Akiba, pediu para o Japão abandonar o "guarda-chuva nuclear" dos EUA, país que após a Segunda Guerra Mundial se tornou seu principal aliado de segurança.

Perante um público que incluía o primeiro-ministro do Japão, Naoto Kan, Akiba prestou homenagem aos mortos e aos "hibakusha", como são conhecidos os sobreviventes do desastre atômico, que "sem entender a razão, se viram envolvidos em um inferno além de seus piores pesadelos".

O pedido do prefeito teve pronta resposta do primeiro-ministro do Japão, que após a cerimônia afirmou que a proteção nuclear dos EUA "continua sendo necessária" para o Japão, embora ao mesmo tempo tenha assegurado que o país tem a responsabilidade moral de liderar a luta contra as armas atômicas.

Tanto Kan quanto Akiba agradeceram a presença oficial na cidade de representantes de EUA, Reino Unido e França, potências nucleares que nunca antes tinham enviado representantes ao aniversário do bombardeio.

O embaixador americano compareceu "para expressar respeito por todas as vítimas da Segunda Guerra Mundial", segundo comunicado da legação diplomática em Tóquio, que destacou que os EUA e o Japão "compartilham o objetivo comum de avançar na visão do presidente Obama de conseguir um mundo sem armas nucleares".

O secretário-geral da ONU também reiterou seu compromisso com a abolição das armas atômicas, e mostrou sua esperança de poder celebrar em 2020 a existência de um mundo sem ameaças atômicas.

Ban, que na quinta-feira visitou Nagasaki, propôs fixar 2012 como o ano de entrada em vigor do Tratado para a Proibição de Testes Nucleares (CTBT), assinado em 1996, mas que segue à espera da ratificação de 44 nações, entre elas Estados Unidos e China.

Além disso, se mostrou partidário de convocar reuniões periódicas do Conselho de Segurança para analisar "a situação de nossas promessas e compromissos" no relativo às armas nucleares.

A ampla presença internacional este ano em Hiroshima e, especialmente, a participação do embaixador dos EUA tinha suscitado grandes expectativas na cidade, que esperava alguma indicação sobre uma visita de Barack Obama em novembro.

No entanto, um porta-voz da Casa Branca afirmou nesta sexta-feira que, por enquanto, uma visita à cidade que os EUA arrasaram em 1945 não está nos planos do presidente americano.

EFE   
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