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Europa

Morte do brasileiro Jean Charles completa cinco anos

22 jul 2010 - 09h21
(atualizado às 11h00)
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A morte do brasileiro Jean Charles de Menezes completa 5 anos nesta quinta-feira. O eletricista foi morto a tiros pela polícia após ser confundido com um terrorista na estação de metrô de Stockwell, em Londres, no dia 22 de julho de 2005. As investigações foram concluídas sem que nenhum dos envolvidos no homicídio fosse punido. Confira a cronologia do caso:

Parentes e amigos carregam o caixão de Jean Charles no enterro, em Gonzaga (MG), em 29 de julho de 2005
Parentes e amigos carregam o caixão de Jean Charles no enterro, em Gonzaga (MG), em 29 de julho de 2005
Foto: AFP

Julho de 2005

No dia 22, agentes da brigada antiterrorista da Scotland Yard atiram oito vezes contra um homem na estação de metrô de Stockwell, no sul de Londres. O então comissário da Scotland Yard, Ian Blair, afirma que o tiroteio está "diretamente relacionado" com a operação para deter os terroristas que tentaram um dia antes detonar bombas em três vagões do metrô e um ônibus urbano.

Um dia depois (23), a Scotland Yard admite que o homem que foi baleado no metrô era inocente e o identifica como Jean Charles de Menezes, um cidadão brasileiro de 27 anos e eletricista de profissão. No dia 24, Ian Blair pede desculpas pela morte de Jean Charles e diz que aceita sua total responsabilidade pelo ocorrido, mas defende a tática de "atirar para matar" nos casos de terroristas suicidas. A perícia confirma no dia 25 que Jean Charles recebeu sete tiros na cabeça e um no ombro.

Agosto

No dia 16, a televisão britânica ITV divulga documentos filtrados pela Comissão Independente de Queixas contra a Polícia (IPCC, na sigla em inglês) segundo as quais Jean Charles não teve uma conduta suspeita no metrô, como sustentava a Scotland Yard. A TV disse que o brasileiro entrou andando, validou seu bilhete e até pegou um exemplar de um jornal gratuito antes de subir no vagão onde foi baleado.

Em entrevista exclusiva ao jornal sensacionalista News of the World no dia 21, Ian Blair afirma que não soube que seus agentes tinham disparado contra um homem inocente até 24 horas depois do tiroteio. No dia seguinte (22), uma delegação brasileira chega a Londres para se reunir com representantes da IPCC, da Scotland Yard, com os advogados da família de Jean Charles e a Procuradoria.

Setembro

Ian Blair diz em entrevista à BBC no dia 21 que chegou a pensar em renunciar depois que membros da força policial mataram o eletricista brasileiro. Seis dias depois (27), os pais de Jean Charles, Matozinhos Otone da Silva e Maria Otone de Menezes, chegam ao Reino Unido para pedir justiça pela morte de seu filho. Eles visitam o local em que o filho foi morto.

Outubro

No dia 12, a família de Jean Charles de Menezes entra com uma queixa formal contra a polícia de Londres devido à divulgação de informações erradas sobre o comportamento do brasileiro dentro da estação de metrô de Stockwell. Eles voltam ao Brasil no mesmo dia.

Novembro

No dia 27, o jornal britânico The Sunday Times diz que os dois policiais responsáveis pelos disparos que mataram Jean não devem ser indiciados criminalmente. Um dia depois, o IPCC anuncia a intenção de investigar a conduta de Ian Blair no episódio.

Dezembro

Relatório do IPCC divulgado no dia 9 diz que policiais responsáveis pelos disparos podem ser processados criminalmente.

Janeiro de 2006

Familiares de Jean Charles de Menezes lembram discretamente o aniversário dele (7 de janeiro) em frente da estação de metrô onde o brasileiro foi morto pela polícia britânica. No dia 19, a IPCC remete à Procuradoria seu relatório sobre a morte do jovem. Dez dias depois (29), o News of the World revela que vários policiais que vigiaram Jean Charles falsificaram provas para esconder erros que causaram o incidente. No dia 30, Ian Blair admite que foi "um grave erro" não corrigir imediatamente a informação falsa divulgada sobre Jean Charles.

Julho

No dia 13, a BBC revela que a IPCC recomendou à Procuradoria acusar de homicídio dois agentes e uma oficial pela morte de Jean Charles. Quatro dias depois (17), a Procuradoria anuncia sua decisão de processar a Polícia de Londres em virtude da chamada lei de saúde e segurança no trabalho de 1974, mas não apresenta acusações contra nenhum agente. No dia 19, a Polícia Metropolitana de Londres se declara inocente das acusações.

Dezembro

No dia 5, os parentes do jovem pedem a revisão judicial da decisão da Procuradoria e alegam que não processar agentes viola seus direitos humanos. No entanto, do dia 14, a Justiça britânica rejeita o pedido da família de Jean Charles de revisar a decisão da Procuradoria de não processar agentes.

Maio de 2007

A IPCC anuncia no dia 11 que os 11 envolvidos na morte do brasileiro não serão punidos, mas não se pronuncia sobre outros quatro agentes de maior escalão implicados também no fato.

Junho

A família de Jean Charles perde no dia 14 a batalha legal para acelerar o início da investigação judicial da morte do brasileiro.

Julho

No dia 22 julho, uma imagem de Jean Charles é projetada no prédio do Parlamento em Londres, junto com a mensagem "Dois anos sem justiça", para marcar os dois anos da morte do brasileiro.

Agosto

Relatório divulgado no dia 2 da segunda investigação sobre a morte de Jean Charles, elaborada pela IPCC, conclui que a Scotland Yard cometeu "graves erros" no caso e exonera Ian Blair, justificando que ele ficou "quase totalmente desinformado" sobre os detalhes da tragédia. O relatório revela, além disso, que o subcomissário encarregado das operações especiais da Scotland Yard, Andy Hayman, "mentiu" para opinião pública ao não informar a tempo seus superiores, entre eles o próprio Ian Blair, de que tinham matado um inocente.

Outubro e Novembro

Começa no dia 1º o julgamento contra a Scotland Yard no tribunal londrino de Old Bailey. Um mês depois, a polícia de Londres é considerada culpada de violar as regras de saúde e segurança da população na operação em que Jean Charles foi morto e é condenada a pagar uma multa. No dia 8, o IPCC aponta falhas "muito graves" na operação e afirma que o chefe da polícia de Londres, Ian Blair, tentou obstruir a investigação após o incidente.

Setembro de 2008

Começa no dia 22 a investigação pública sobre a morte de Jean Charles.

Outubro

O comissário-chefe da Scotland Yard, Ian Blair, pede demissão no dia 2 após meses sob pressão por seu questionado trabalho e após admitir que não contava com o apoio do prefeito de Londres, o conservador Boris Johnson. No dia 6, a oficial responsável pela operação na qual Jean Charles morreu, Cressida Dick, declara na investigação que o jovem foi vítima de "circunstâncias terríveis e extraordinárias". Um agente da Scotland Yard, que depôs na investigação com o pseudônimo de "James", afirma no dia 21 que Jean Charles morreu porque a polícia cometeu "erros óbvios".

Dezembro

O juiz da investigação pública do caso Jean Charles, Michael Wright, afirma no dia 2 que o júri não poderá emitir um veredicto de homicídio injustificado. Ele afirma que o júri popular deverá se pronunciar sobre dois tipos de resolução: homicídio legal ou veredicto aberto. No dia 4, a família de Jean Charles protesta perante o júri pelos limites impostos pelo juiz ao veredicto do caso. Oito dias depois (12), o júri da investigação pública opta pelo "veredicto aberto". Com a sentença, o júri deixou claro que a morte do jovem não foi um homicídio justificado.

Fevereiro de 2009

A Promotoria britânica afirma no dia 13 que nenhum agente será processado pelo caso do eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes, após revisar as evidências que vieram à tona em 2008 no inquérito público sobre a morte do jovem. No mesmo dia, a família anuncia que desistiu de processar policiais. Três dias depois (16), a agência PA diz que os familiares estão cogitando entrar com um pedido de indenização às autoridades.

Outubro

No dia 2, o IPCC reitera que os policiais envolvidos na morte do brasileiro não serão punidos. No dia 19, é divulgado um trecho da autobiografia ex-comandante da Scotland Yard Ian Blair, que estava em andamento, em que ele elogia os policiais envolvidos na morte de Jean Charles.

Novembro

O jornal

Daily Telegraph

anuncia no dia 23 que a família de Jean Charles receberá 100 mil libras (então R$ 286 mil) de indenização pela morte do brasileiro. O jornal lembra que Ian Blair recebeu uma indenização de 400 mil libras (R$ 1,1 milhão) quando deixou o comando da Scotland Yard por receber críticas sobre pela morte.

Janeiro de 2010

No dia 7, data em que Jean Charles completaria 32 anos, um memorial permanente em homenagem a ele é inaugurado na estação do metrô londrino de Stockwell.

Maio

No dia 28, a família do brasileiro classifica como "última bofetada" a designação do chefe da Scotland Yard na época, Ian Blair, à Cámara dos Lordes britânica.

Com informações das agências internacionais

Fonte: Redação Terra
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