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Ásia

Mianmar complica caminho da Asean em direção à união regional

20 jul 2010 - 12h06
(atualizado às 13h07)
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Os ministros de Assuntos Exteriores da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) iniciaram nesta terça sua rodada anual de reuniões destinadas a avançar em direção à união regional, que enfrenta obstáculos pela diversidade econômica e política de seus membros.

A busca pela união ao estilo europeu, que inclui a criação de um mercado comum em 2015, não está isenta de atritos nem mesmo de tensões. A associação quer agrupa a rica nação petrolífera de Brunei, a militarizada Mianmar, os dispersos arquipélagos das Filipinas e Indonésia, as empobrecidas Laos e Camboja e as mais avançadas economias como Cingapura, Malásia e Tailândia, com a comunista Vietnã.

As reuniões realizadas em Hanói para tentar alcançar esse objetivo estão ensombreadas por Mianmar, que desde seu ingresso na Asean, em 1997, representou para este grupo um continuo motivo de tensão pela resistência de seu regime militar a colocar fim à repressão e libertar presos políticos, incluindo a Nobel da Paz e líder opositora, Aung San Suu Kyi.

Nesta ocasião, a reunião enfrenta a recusa de Mianmar de aceitar as recomendações da comunidade internacional para que as eleições no fim do ano cumpram com as normas básicas democráticas, e as supostas ambições da Junta Militar de emular a corrida nuclear da Coreia do Norte.

"A Asean está preocupada e muito interessada em que Mianmar (antiga Birmânia) alcance uma reconciliação nacional pacífica", disse o secretário-geral da organização regional, Surin Pitsuwan, nos corredores do centro de convenções da capital vietnamita.

Pitsuwan assinalou que vários ministros advertiram a seu colega birmanês, o ex-general Nyan Win, que, no caso que as eleições em Mianmar não sejam "livres e justas", estas terão implicações negativas para o conjunto de nações que formam a Asean.

Segundo o chefe do grupo regional, o ministro birmanês escutou com interesse a exposição sobre a preocupação da Asean, embora não respondeu a oferta de enviar equipes de observadores às eleições, cuja data exata de realização é mantida em sigilo.

"Disse (o ministro birmanês) que não é de sua competência divulgar quando serão realizadas, mas do comissário eleitoral", detalhou Pitsuwan após a primeira reunião do dia.

Como fez outras vezes no passado, a Asean manterá seu princípio de "não ingerência" nos assuntos internos de seus sócios, por isso que no final das reuniões emitirá um comunicado no qual instarão ao Governo birmanês, de maneira vaga, a realizar eleições "livres e justas".

Suu Kyi, órfã de formação política desde que em maio passado a Liga Nacional pela Democracia (LND) foi dissolvida por adotar a decisão de boicotar as eleições, continua submetida à prisão domiciliar, embora sob condições mais duras que limitam seus contatos com os políticos que lhe são leais e aos seus advogados.

Com Suu Kyi à frente, a LND ganhou as eleições realizadas em 1990, mas os resultados foram cancelados pelos militares.

A Nobel de Paz, que completou 65 anos em junho, já viveu mais de 5 mil dias de prisão, e pelo menos outros 2,3 mil birmaneses permanecem presos por motivos políticos.

Os Estados Unidos, país que por causa da chegada de Barack Obama à Casa Branca abandonou a política de isolamento a Mianmar pela de aproximação ao regime militar, advertiram aos generais que as eleições serão "ilegítimas" sem a participação dos milhares de opositores políticos que continuam presos.

Está previsto que essa mesma mensagem seja repetida em pessoa pela chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Hillary Clinton, que entre quinta-feira e sexta-feira estará em Hanói para reunião com o conjunto de ministros da Asean, entre estes o birmanês.

Os generais regem Mianmar desde o golpe de estado de 1962, quando foi instaurado um novo regime que optou pelo isolamento que representou a ruína de um país que até então era o mais próspero do Sudeste Asiático.

EFE   
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