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Oriente Médio

Guarda iraniana diz que EUA sofrerão "reflexo" de ataque a bomba

17 jul 2010 - 12h41
(atualizado às 13h04)
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Os Estados Unidos enfrentarão o "reflexo" de um ataque a bomba no sudeste do Irã, afirmou neste sábado um importante comandante da Guarda Revolucionária a uma agência de notícias iraniana semioficial.

Massoud Jazayeri não deu mais detalhes sobre a que ele estava se referindo. O Irã acusou Washington de apoiar o Jundollah, o grupo que reivindicou a responsabilidade pelas explosões de quinta-feira, que mataram 28 pessoas e feriram 306, incluindo membros da Guarda.

"O Jundollah foi apoiado pela América por seus atos terroristas no passado... A América terá de esperar o reflexo de tais medidas criminosas e selvagem," afirmou Jazayeri, vice-chefe da ala ideológica dominante das forças armadas iranianas.

O Jundollah, um grupo rebelde sunita, afirmou que explodiu as bombas em uma importante mesquita xiita na cidade de Zahedan em retaliação à execução, por parte do Irã, do líder do Jundollah Abdolmalek Rigi, em junho.

O Irã diz que o grupo tem ligações com a Al Qaeda, que é sunita, e, no passado, acusou o Paquistão, a Grã-Bretanha e os EUA de apoiarem o Jundollah para criar instabilidade no sudeste do país, que é predominantemente xiita.

Todas as três nações negaram as acusações, e o Jundollah também nega que tenha qualquer ligação com a Al Qaeda. Mohammad Hassan Rahimian, enviado do líder supremo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei, no funeral, também culpou Washington pelo ataque, informou a agência de notícias oficial IRNA.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou na sexta-feira o ataque e disse que os responsáveis devem pagar pelo que fizeram. "O assassinato de civis inocentes em seu local de culto é uma ofensa intolerável, e aqueles que realizaram isso devem ser responsabilizados," disse Obama em comunicado.

Os EUA estão envolvidos em um impasse sobre o programa nuclear iraniano, que Teerã insiste ser para fins pacíficos de geração de energia, mas que Washington e outras potências suspeitam ser apenas um disfarce para o desenvolvimento de bombas atômicas.

Teerã e Washington cortaram relações diplomáticas pouco depois da Revolução Islâmica ocorrida no país, em 1979. O Jundollah, que diz lutar pelos direitos da minoria sunita no Irã, afirmou que parentes de Rigi realizaram os ataques, tendo como alvo uma reunião de membros da Guarda Revolucionária.

Os corpos dos mortos foram enterrados neste sábado em uma cerimônia em Zahedan, da qual participaram dezenas de milhares de pessoas, de acordo com a televisão estatal iraniana.

Imagens ao vivo mostraram os caixões, cobertos com bandeiras iranianas, sendo carregados em caminhões, enquanto a multidão gritava "Morte à América" e pedia punição aos responsáveis pelo ataque.

O Irã prendeu Rigi em fevereiro, quatro meses depois de o Jundollah ter reivindicado responsabilidade por uma explosão que matou dezenas de pessoas, incluindo 15 membros da Guarda. Esse havia sido o ataque com maior número de mortos no Irã desde a década de 80.

Zahedan é a capital da província Sistan-Baluchestan, na fronteira com o Paquistão sunita. A região tem sérios problemas de segurança, com frequentes confrontos entre a polícia iraniana e traficantes de drogas e bandidos.

O Irã está tentando contornar tensões religiosas na província, e autoridades responderam aos ataques de rebeldes sunitas com uma série de enforcamentos. Grupos de defesa dos direitos humanos e o Ocidente condenaram as execuções.

O Irã rejeita as acusações dos grupos de defesa dos direitos humanos de que o país discrimina minorias étnicas e religiosas.

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