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Europa

Sarkozy mantém silêncio enquanto caso L'Oréal é julgado

7 jul 2010 - 13h57
(atualizado às 14h26)
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Nicolas Sarkozy mantém silêncio diante do crescente escândalo protagonizado pela bilionária herdeira da L'Oréal, Liliane Bettencourt, que agora aponta para um financiamento ilegal do partido do presidente francês e que nesta quarta-feira chegou aos tribunais.

A Procuradoria de Nanterre, nos arredores de Paris, abriu uma investigação preliminar sobre as supostas contribuições ilegais que o partido de Sarkozy, União por um Movimento Popular (UMP), teria recebido da rica herdeira por meio do atual ministro do Trabalho, Eric Woerth.

A isso se acrescenta a informação publicada nesta quarta-feira pelo jornal Le Monde, na qual assegura que a Polícia francesa tem provas da retirada de 50 mil euros de um caixa eletrônico e cujos dados correspondem a uma quantia supostamente fornecida ao mesmo ministro, que também é o tesoureiro da UMP.

Woerth, que no momento dos fatos era titular de Orçamento, responde que tudo são mentiras e que jamais se beneficiou de um só euro de forma ilegal.

Por isso, nesta mesma tarde ele anunciou, através de seu Ministério, que também recorrerá à Justiça para abrir um processo por calúnia.

Sarkozy saiu em sua defesa em mais de uma ocasião nas últimas semanas, mas não conseguiu salvar a imagem de um ministro que segue em apuros, após o contínuo gotejamento de alegações contra ele e as crescentes exigências da oposição para que renuncie.

A investigação judicial e a revelação do Le Monde são apenas os dois últimos episódios de um escândalo com várias frentes que nesta terça-feira afetou diretamente Sarkozy com as explosivas revelações de Claire Thibout, a ex-contadora de Bettencourt, 87 anos.

Foi ela quem revelou ao site de notícias Mediapart que Woerth havia recebido até 150 mil euros da bilionária com destino à campanha de Sarkozy nas eleições presidenciais vencidas por ele, em 2007.

Além disso, ela indicou que a mulher mais rica da França e uma das maiores fortunas do mundo entregava envelopes com dinheiro a diversos políticos de direita, inclusive o atual chefe de Estado quando nos anos 1990 era prefeito de Neuilly, a cidade limítrofe com Paris onde a bilionária tem o palacete onde reside.

Sarkozy não disse nada em público, mas, segundo o porta-voz do governo, Luc Chatel, pediu aos membros de seu gabinete que mantenham "sangue frio" e que se concentrem em seu trabalho.

Foi uma mensagem similar à lançada hoje pelo primeiro-ministro francês, François Fillon, quem deixou claro que a prioridade do Executivo não é fazer mudanças nos ministérios, como reivindicam alguns políticos da oposição.

Fillon ressaltou que Sarkozy é quem controla seu próprio "calendário" e é "dono de suas decisões porque encarna a autoridade da República e essa autoridade exige não ceder às intimidações".

O caso L'Oréal, que vai muito além do suposto financiamento ilegal da UMP, começou com a disputa pela herança de Bettencourt, quem, segundo o conteúdo de gravações de conversas privadas, se beneficiou de um tratamento fiscal propício quando Woerth estava à frente do Ministério de Orçamento (entre maio de 2007 e março de 2010).

Dessas mesmas conversas se deduz que a rica herdeira pode ter propriedades no exterior não declaradas às autoridades francesas, com a suposta intenção de evadir o pagamento de impostos.

Mas, além disso, o encarregado de administrar sua fortuna, Patrice de Maistre, chegou a reconhecer que tem duas contas na Suíça não declaradas no valor de 78 milhões de euros.

A única filha da herdeira do grupo de cosméticos também recorreu aos tribunais para pedir que imponham uma tutela a sua mãe, argumentando que não está capacitada para administrar sua fortuna e que desperdiça o dinheiro.

De fato, foi a filha quem vazou à imprensa as conversas privadas de Bettencourt, obtidas com a colaboração de um antigo mordomo da rica herdeira.

EFE   
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