Obama sabia de espiões russos antes de encontrar Medvedev
29 jun2010 - 16h28
(atualizado às 17h26)
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O presidente americano, Barack Obama, sabia da operação do FBI para prender supostos espiões russos antes de encontrar o presidente Dmitri Medvedev na semana passada, mas não mencionou o tema nas conversas, informou uma fonte.
No entanto, a Casa Branca informou que as revelações, que foram recebidas com cólera pela Rússia, não irão interferir nos esforços de ambos os lados para retomar as relações, que melhoraram desde que Obama assumiu o governo dos EUA no ano passado.
A operação foi lançada alguns dias depois de uma calorosa reunião entre Obama e Medvedev, na qual ambos os lados fizeram elaborados esforços para enterrar quaisquer tensões dos tempos da Guerra Fria. "Não acredito que isso afetará a retomada de nossas relações com a Rússia", disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.
"Nós fizemos grandes progressos no último ano e meio." Gibbs disse que Obama tinha conhecimento da operação antes de encontrar Medvedev, mas não levantou o tema nas conversas com seu homólogo russo na semana passada, quando se encontraram em uma lanchonete em Virginia.
O Departamento de Estado, por enquanto, informou que os 11 supostos espiões russos presos nesta semana são "vestígios" do passado da Guerra Fria e que as relações entre os dois países continuam melhorando. "Nós estamos nos movendo rumo a uma relação de maior confiança. A Guerra Fria já se foi, nossas relações demonstram isso", disse Phil Gordon, secretário de Estado adjunto americano para assuntos europeus.
Na segunda-feira, os EUA anunciaram a prisão de dez pessoas formadas pelo Serviço de Inteligência Exterior (SVR), sucessor da mítica KGB, que atuavam para "obter informações infiltrando-se nos círculos políticos americanos". O episódio lembra a época da Guerra Fria, quando o famoso KGB atuava.
O espião soviético Morris Cohen é transferido de prisão em 26 de outubro de 1966. Ele foi preso em 1961 em um acusado de participar de um esquema de espionagem no Reino Unido desde o fim dos anos 50
Foto: Getty Images
Os espiões soviéticos Morris e Lana Cohen, também conhecidos como Peter e Helen Kroger, embarcam no aeroporto de Heathrow, em Londres, no dia 24 de outubro de 1969, após serem trocados pelo espião britânico Gerald Brooke, que estava preso na União Soviética
Foto: Getty Images
A modelo Christine Keeler ficou famosa nos anos 60 por se envolver ao mesmo tempo com o ministro britânico John Profumo e com o diplomata russo Eugeni Ivanov, para quem passaria informações secretas. Imagem de 6 de junho de 1963
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Eugene Ivanov foi acusado de pedir a modelo britânica Christine Keeler informações sobre a entrega de ogivas nucleares para a Alemanha Ocidental. Imagem de 1 de janeiro de 1963
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O coronel soviético Oleg Vladimirovich Penkovsky escuta seu veredicto durante julgamento em Moscou em maio de 1963. Ele foi considerado culpado por traição e espionagem por vazar informações militares para o Ocidente. Ele foi executado no mesmo ano
Foto: Getty Images
O professor de história da arte britânico Anthony Blunt concede entrevista em 20 de novembro de 1979 após a revelação de que ele foi um espião soviético no Reino Unido entre as décadas de 30 e 50
Foto: Getty Images
A espiã americana Judith Coplon deixa tribunal de Nova York, em 13 de março de 1950, após ser sentenciada a 15 anos de prisão por revelar segredos dos Estados Unidos para serviços de inteligência soviéticos
Foto: Getty Images
Retrato do jornalista alemão Richard Sorge, que atuou como espião soviético na Alemanha e no Japão durante a Segunda Guerra Mundial. Ele foi enforcado em 1944 após ser capturado por tropas japonesas
Foto: Getty Images
Pequena bola de platina envenenada foi usada para assassinar o apresentador da BBC Georgi Markov em 1978. O artefato foi injetado na perna de Markov, um desertor do regime comunista búlgaro, por um guarda-chuva
Foto: Getty Images
O ex-agente do FBI Robert Hanssen foi preso em 2001 acusado de fornecer informações altamente sigilosas à Rússia