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América Latina

"Fenômeno Mockus" desaparece diante da máquina do governo

18 jun 2010 - 09h03
(atualizado às 10h04)
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O candidato do Partido Verde à presidência da Colômbia, Antanas Mockus, enfrenta o pleito do domingo com poucas chances de sucesso, já que a esperança que despertou foi perdida por erros próprios e também pela habilidade e a máquina política de seu rival, Juan Manuel Santos.

Antanas Mockus Sivickas, 58 anos, ex-prefeito de Bogotá entre 1995-1997 e 2001-2003, é o candidato do Partido Verde
Antanas Mockus Sivickas, 58 anos, ex-prefeito de Bogotá entre 1995-1997 e 2001-2003, é o candidato do Partido Verde
Foto: EFE

Mockus não soube transformar a simpatia despertada entre muitos cidadãos em um "compromisso" com o voto pelo Partido Verde, sustentou à agência EFE o analista político Fernando Giraldo, para quem vários fatores levam a uma folgada vitória de Santos, do governista Partido do U, no segundo turno de 20 de junho.

No primeiro turno, realizado em 30 de maio e com uma abstenção próxima de 51%, Santos levou 25 pontos de vantagem para Mockus, matemático, filósofo e ex-prefeito de Bogotá (em dois períodos, 1995-1997 e 2001-2003).

O candidato verde não conseguiu "motivar" aos indecisos do primeiro turno e dificilmente conseguirá no segundo, ressaltou Giraldo, ao explicar que quem não vota na Colômbia argumenta que é porque "não confia nos políticos", nem nos tradicionais como Santos nem nos que saem do esquema típico, como Mockus.

Segundo o analista, a mensagem de Mockus está em desvantagem contra a de Santos, pois enquanto o primeiro promete "manter as conquistas" do presidente Álvaro Uribe, especialmente em matéria de segurança, procura aprofundar as políticas do atual líder.

"O povo tem a percepção de que quem dará continuidade às políticas de segurança é quem já demonstrou que pode fazê-lo", neste caso Santos, que foi ministro da Defesa (2006-2009) de Uribe, refletiu Giraldo, o que demonstra que a população colombiana "não quer correr riscos".

Também beneficia a Santos o recente resgate de quatro militares em poder da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o que se tornou o "novo êxito" da política de segurança de Uribe.

A segurança, segundo Giraldo, foi precisamente o eixo da campanha eleitoral desde janeiro, com um pequeno parêntese em março e abril no qual a "legalidade" de Mockus se impôs, coincidindo com um forte avanço nas pesquisas do candidato verde.

Os colombianos "no fundo são conscientes" de que muito do conquistado pelo Governo de Uribe foi fruto das grandes doses de "ilegalidade" e por isso começaram a "escutar" a proposta de Mockus, quando a Corte Constitucional baixou o referendo sobre a reeleição do líder.

Então disparou a "onda verde", graças ao apoio dos jovens através das redes sociais de internet, mas também dos meios de comunicação, que na opinião de Giraldo "foram importantes no crescimento" desse fenômeno.

As imprecisões e dúvidas de Mockus sobre alguns temas, que Santos aproveitou para apresentá-lo como um candidato "indeciso", e o fato de não demonstrar o "espírito partidário" em apoio cidadão começaram a tirar a força da "onda verde", anotou Giraldo.

Pesou contra também, a manutenção de uma tendência histórica na Colômbia: os jovens, principal trunfo de Mockus, não votaram no primeiro turno.

E, além disso, o ex-prefeito não conseguiu cooptar outros votos dos colombianos que, "por convicção", se decantaram pelo candidato esquerdista Gustavo Petro e pelo de Mudança Radical, Germán Vargas Lleras, com pleno conhecimento que seria necessário um segundo turno porque, segundo as pesquisas, ninguém alcançaria a maioria absoluta.

Nos últimos dias da campanha, "o presidente (Uribe) também colocou sua mão", sustentou Giraldo, em referência aos reiterados discursos nos quais convidou à população a votar em Santos de maneira quase explícita.

EFE   
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