Setores sociais do Haiti criticam governo 5 meses após tremor
Representantes de setores sociais do Haiti criticaram nesta sexta-feira a política do governo nacional, um dia antes de se completar cinco meses do devastador terremoto que assolou Porto Príncipe e deixou 300 mil mortos e 1,2 milhão de desabrigados.
O sacerdote Jean Hanssens, diretor nacional da organização Justiça e Paz, constatou uma "degradação acelerada das condições de vida" com o início da temporada de chuvas, apesar de "todas as promessas que foram feitas".
"Falta (ainda) um plano de reconstrução que corresponda às necessidades da população", declarou em entrevista concedida à Agência Efe.
Hanssens acredita que seria possível melhorar a vida das pessoas deslocadas, que agora vivem em um "inferno".
Nas primeiras semanas após o terremoto de 12 de janeiro, o governo foi muito rápido em oferecer água aos desabrigados, estimou.
Mas há mais de um mês suspendeu esta prática, o que coincidiu com a chegada das chuvas e o "aumento do perigo" pelo risco de utilização de água contaminada.
O governo decidiu suspender a distribuição gratuita de água para não causar dano ao mercado e deteve a distribuição de comida para não afetar a produção local.
"Isso é somente um princípio (teórico) e é preciso ver como se traduz na realidade", opinou o sacerdote em referência a essas decisões governamentais. Ele criticou que "não se tomou nenhuma medida para relançar a produção nacional".
Em relação aos alimentos, ele acrescentou que ainda não chegou o período de colheitas, por isso não existe a concorrência entre a ajuda alimentícia e a produção local da qual fala o governo.
Segundo ele, no final as medidas tomadas pelo governo beneficiaram apenas "alguns comerciantes importadores".