Inexperiência de Karadzic na própria defesa marca julgamento
A inexperiência do ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic para dirigir sua própria defesa marcou a primeira semana de acareações no julgamento por genocídio em Haia, no Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII).
Karadzic, que renunciou a um advogado, enfrentou nesta primeira semana o testemunho de dois bósnios muçulmanos que viveram as atrocidades da guerra no campo na Bósnia e em um bombardeio ao mercado em Sarajevo.
O apelidado "carniceiro da Bósnia" foi repreendido pelo juiz O-Gon Kwon e o promotor Alan Tieger por quebrar às regras da acareação com testemunhas, que envolve fazer perguntas sobre o conteúdo da declaração.
No lugar disso, Karadzic optou por utilizar nos interrogatórios a justificativa que a ofensiva sérvia foi uma estratégia de defesa diante do "complô muçulmano destinado a transformar a Bósnia em uma república islâmica".
As testemunhas reagiram: "por que pergunta sobre assuntos que não têm nada a ver comigo", alfinetou na quinta-feira, na última sessão, um bósnio que perdeu a mulher morreu no ataque a Sarajevo.
Karadzic, que não se separa de seus óculos de leitura, considera que está em desvantagem por não ter tido acesso ao computador nos últimos dias e porque diz não ter tempo "suficiente" com cada testemunha.
O ex-líder servo-bósnio Karadzic enfrenta 11 acusações por crimes de guerra, contra a humanidade e por genocídio na guerra civil da Bósnia-Herzegovina (1992-1995), onde calcula-se foram exterminadas 100 mil pessoas e mais de 2 milhões ficaram sem família.