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Estados Unidos

Obama prevê catástrofe se Al-Qaeda obtiver armas nucleares

13 abr 2010 - 10h46
(atualizado em 23/4/2010 às 15h34)
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Lígia Hougland
Direto de Washington

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira, em seu discurso na Cúpula Nuclear, em Washington, que uma catástrofe vai acontecer se a Al-Qaeda conseguir obter armas nucleares. Segundo o líder americano, uma "quantidade de plutônio do tamanho de uma maçã é capaz de matar dezenas de milhares de pessoas" se cair em mais erradas.

Obama discursa durante reunião da Cúpula de Segurança Nuclear, em Washington
Obama discursa durante reunião da Cúpula de Segurança Nuclear, em Washington
Foto: AFP

"Duas décadas depois do fim da Guerra Fria, nós enfrentamos a cruel ironia da história - o risco de um confronto nuclear entre nações caiu, mas o risco de um ataque nuclear subiu", disse Obama, que começou seu discurso lembrando da tragédia vivida pelo povo polonês, que perdeu seu presidente, Lech Kaczynski, em um acidente aéreo no último sábado.

Obama pediu aos líderes dos 47 países reunidos na capital americana mais ação e menos conversa sobre a questão nuclear. O apelo é para evitar que materiais atômicos caiam nas mãos de extremistas. Obama disse que se deve tomar decisões históricas para defender os povos do que classificou de a maior ameaça à segurança mundial.

"As redes terroristas como Al-Qaeda tentam adquirir o material para uma arma nuclear, e se vierem a conseguir, com certeza o utilizarão. Se chegarem a fazê-lo, será uma catástrofe para o mundo, causando uma extraordinária quantidade de perdas de vidas, e aplicando um duro golpe à paz e à estabilidade global".

"Hoje é uma oportunidade, não apenas de falar, e sim de agir. Não apenas de fazer promessas, e sim verdadeiros progressos para a segurança de nosso povo", afirmou. O líder também citou os planos americanos. "Também queremos diminuir o material nuclear e chegar a meta final de um mundo livre da ameaça nuclear", disse.

Segundo Obama, a próxima cúpula sobre segurança nuclear acontecerá na Coreia do Sul. O presidente sul-coreano, Lee Myung-Bak, complementou os comentários de Obama afirmando que a Coreia se oferecia para hospedar a próxima Cúpula de Segurança Nuclear, daqui a dois anos.

A questão iraniana

Autoridades dos EUA buscaram organizar a cúpula de modo a focar estreitamente a questão da segurança nuclear, evitando confrontos entre um grupo refratário que abrange desde potências nucleares tradicionais, como Rússia e Grã-Bretanha, até inimigos dotados de armas nucleares, como Índia e Paquistão.

Mas, nos bastidores do encontro de dois dias, Obama vem conduzindo uma campanha intensiva para intensificar a pressão internacional sobre o Irã com relação a seu programa nuclear. A Casa Branca disse que Obama obteve do presidente da China, Hu Jintao, uma promessa crucial de ajudar a redigir uma nova resolução da ONU com sanções ao Irã.

Mas a China ressaltou na terça-feira que quer que qualquer possível resolução do Conselho de Segurança relativo ao Irã promova uma saída diplomática do impasse nuclear. O Irã, que não está presente na conferência, é o terceiro maior fornecedor de petróleo da China.

Também está ausente da conferência a Coreia do Norte, outro país visto pelo Ocidente como criador de problemas nucleares. Mas Obama enviou uma mensagem clara a Pyongyang quando anunciou que a Coreia do Sul vai sediar a próxima cúpula sobre segurança nuclear, em 2012.

Ameaça global

Citando o terrorismo nuclear como a maior ameaça isolada à segurança global, Obama buscou um acordo com relação a um plano de ação para garantir a segurança de todos os materiais físseis vulneráveis no mundo no prazo de quatro anos, para impedir o acesso a eles de grupos como a Al-Qaeda.

Um rascunho de comunicado que estava sendo preparado para a sessão de encerramento da cúpula, na terça-feira, mostrava que é provável que a cúpula endosse esse objetivo, embora os meios para isso não devem ficar claros.

O assessor de Obama para o contraterrorismo, John Brennan, disse na segunda-feira que a Al-Qaeda definiu como sua maior prioridade adquirir o know-how e os materiais para produzir uma bomba, mas que ainda não o conseguiu. Ele disse que quadrilhas criminosas enganaram a Al Qaeda, oferecendo materiais falsos à rede terrorista.

A maior cúpula sediada pelos Estados Unidos em mais de seis décadas representa um teste da capacidade de Obama de dinamizar a ação global sobre uma agenda nuclear mais ampla que prevê, no futuro, livrar o planeta de todas as armas atômicas.

Mas alguns países são céticos quanto à seriedade da ameaça de segurança nuclear, enxergando-a como uma preocupação sobretudo norte-americana, após os ataques lançados pela Al-Qaeda aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. Embora pareça pouco provável que a cúpula resulte em avanços inesperados, ela já rendeu vários dividendos.

O mais recente é o plano de Washington e Moscou de assinarem na terça-feira um tratado para reduzir os estoques de plutônio excedente de pureza própria para a produção de bombas. Autoridades dos EUA disseram que cada país vai livrar-se de 34 toneladas métricas do material.

A Ucrânia, que em 1994 abriu mão das armas nucleares herdadas do colapso da União Soviética, anunciou que vai livrar-se de seu urânio altamente enriquecido, e o Canadá vai devolver combustível nuclear gasto aos Estados Unidos, seu fornecedor.

Com agências internacionais

Fonte: Redação Terra
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