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Mundo

Partes do avião de Kaczynski se espalham por Floresta da Morte

10 abr 2010 - 13h34
(atualizado às 14h52)
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A cauda e partes da fuselagem do avião estão mergulhadas na lama, emergindo como balizas da floresta cinzenta, tomada pela bruma perto de Smolensk, no oeste da Rússia, onde o aparelho que transportava o presidente polonês Lech Kaczynski caiu neste sábado, matando seus 96 ocupantes.

Dezenas de bombeiros e autoridades caminham através dos campos pantanosos, tropeçando em fragmentos metálicos disseminados na clareira aberta pela queda do avião, a algumas centenas de metros apenas da pista de aterrissagem.

Trágica ironia do destino, a delegação polonesa, morta na tragédia aérea, dirigia-se à "Floresta da Morte" em Katyn, perto de Smolensk, para marcar o 70º aniversário do massacre de 22.000 oficiais poloneses pela polícia de Stalin.

Mais de 170 agentes formam a equipe de busca e estão no local, enquanto se aguarda a chegada de mais reforços, segundo o ministério russo para situações de emergência.

A cauda arrancada do avião, pintada de vermelho e branco, nas cores da bandeira polonesa, está muito destruída. A dezenas de metros, perto de uma grande parte da fuselagem, os bombeiros com seus capacetes, e extintores de incêndio nas mãos, derramam o conteúdo dos equipamentos nas partes ainda em fogo.

Outras peças carbonizadas estão espalhadas ao redor, em meio a árvores partidas pela violência do choque.

Empregados do aeroporto militar de Smolensk, que aguardavam a chegada da delegação polonesa de madrugada, informaram que o Tupolev-154 chegou a voar várias vezes em roda sobre o local, num momento de péssima visibilidade, causada pela névoa espessa. Fez três tentativas de pouso até cair na quarta, segundo testemunhas.

"A uma altura de cerca de 20 metros, o aparelho em que estava o presidente polonês tocou o cimo das árvores e se despedaçou", contou uma testemunha à agência Interfax.

Devido à grande neblina na região, um outro avião foi obrigado a dar a meia-volta mais cedo durante o dia e um terceiro aparelho teve problemas para pousar, segundo as autoridades.

Sacos mortuários foram levados ao local e a retirada dos cadáveres já começou a ser feita.

Floresta da Morte

A floresta de Katyn, perto de Smolensk, é também chamada a "Floresta da Morte" devido ao massacre de 1940, ano em que a polícia do ditador soviético Joseph Stalin fuzilou 22.000 oficiais poloneses.

Neste sábado, o território em torno de Smolensk voltou a ser assombrado pela tragédia. "É um lugar realmente apavorante. Atrai a morte", escreveu, neste sábado, um repórter fotográfico russo em seu blog, mnalex2002. Ele conta que esteve em Katyn em 1995, por ocasião de uma visita do ex-presidente polonês Lech Walesa.

O acidente
Lech Kaczynski, presidente da Polônia, morreu no sábado (10) quando o avião que o transportava se acidentou próximo de um aeroporto na Rússia. O acidente aconteceu pouco antes das 11h de Moscou (4h em Brasília).A aeronave, um Tupolev-154, viajava de Varsóvia para a cidade russa de Smolensk, a 420 km da capital Moscou, onde as autoridades polonesas participariam de uma cerimônia para lembrar os 70 anos de um massacre de mais de 20 mil prisioneiros de guerra por forças russas na floresta de Katyn durante a Segunda Guerra Mundial.

O chefe de Estado viajava com a primeira-dama, Maria, e altos oficiais do seu gabinete, incluindo o presidente do Banco Central. Uma das caixas-pretas do avião foi encontrada no local da tragédia, informou um funcionário do governo regional à agência Interfax.

A morte de Kaczysnki repercutiu entre outras personalidades da política mundial, como o presidente dos EUA, Barack Obama, o rei Juan Carlos, da Espanha, e o papa Bento XVI.

Parte da cauda da aeronave que transportava o presidente polonês, Lech Kaczynski, localizada na chamada "Floresta da Morte", próximo a Smolensk
Parte da cauda da aeronave que transportava o presidente polonês, Lech Kaczynski, localizada na chamada "Floresta da Morte", próximo a Smolensk
Foto: Reuters
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