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Oriente Médio

Netanyahu volta a Israel com divergências com EUA evidentes

25 mar 2010 - 16h49
(atualizado às 16h59)
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O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu chegou nesta quinta-feira a Israel de uma viagem aos Estados Unidos, onde ficou ainda mais evidente a tensão política com o presidente americano, Barack Obama, pela expansão de assentamentos judaicos em Jerusalém Oriental.

O chefe de Governo israelense deve analisar nesta sexta-feira a estratégia para contornar os desencontros com seu principal aliado, que, ao contrário do que era esperado, cresceram com a viagem a Washington.

Apesar de num primeiro momento ter se informado que, após chegar a Israel, Netanyahu convocou uma reunião com ministros para analisar a situação, funcionários de seu escritório disseram que não há qualquer reunião prevista para a noite de hoje.

A imprensa local informou que a reunião foi adiada para o meio-dia (hora local) de amanhã, aparentemente devido ao cansaço do primeiro- ministro e à necessidade de analisar vários aspectos antes das conversas.

O chamado ''gabinete dos sete'', que participaria da reunião, é formado pelos principais nomes do Governo. Além de Netanyahu, do ministro da Defesa, Ehud Barak, e do chanceler, Avigdor Lieberman, é integrado pelos vice-premiês Moshe Yaalon e Dan Meridor; o ministro do Interior, Eli Yishai, e o ministro Beny Begin (sem pasta).

Apesar do frio encontro com Obama na Casa Branca, que parece evidenciar o estado da relação entre os dois países, Netanyahu recebeu hoje o apoio de vários ministros. Horas antes de sua chegada, eles louvaram "a determinação" e "a coragem" do premiê para enfrentar as pressões americanas.

O ministro do Interior e chefe do partido ortodoxo sefardita Shas, Eli Yishai, qualificou de "privilégio" ter sido responsável pela aprovação da construção de milhares de casas em colônias judaicas em Jerusalém Oriental.

O vice-primeiro-ministro Silvan Shalom declarou que a construção na parte oriental de Jerusalém - algo praticado por todos os Governos anteriores desde a ocupação, há quatro décadas - é "incondicional".

"Como chegamos ao ponto em que construir em Jerusalém se tornou um obstáculo? Se piscarmos agora, perderemos tudo e o Governo cairá", defendeu.

O jornal "Yedioth Ahronoth" qualificava hoje de "humilhação" o tratamento dado por Obama a Netanyahu.

Ao perguntar sobre os próximos passos de Israel pelo diálogo com os palestinos, Obama não ficou satisfeito com as vagas respostas recebidas e insistiu na necessidade de ações concretas.

Também veio à tona o espinhoso tema da construção nas colônias judaicas em território ocupado, detonante para as divergências, quando Israel anunciou a edificação de 1.600 moradias durante a visita do vice-presidente dos EUA, Joe Biden.

Washington viu o anúncio como uma humilhação ao vice de Obama e, segundo alguns comentaristas locais, o presidente quis tratar Netanyahu na mesma moeda, particularmente após saber que Israel tinha dado o sinal verde definitivo a outras 20 moradias em Jerusalém Oriental.

Na reunião, Obama pediu a Israel vários gestos, sem contrapartida, em relação aos palestinos, entre os quais citou a ampliação, em setembro próximo, da moratória parcial de dez meses na construção nos assentamentos judaicos na Cisjordânia de modo que inclua também Jerusalém Oriental.

Também estão incluídos o recuo do Exército israelense às posições anteriores à eclosão da Segunda Intifada (2000) e a libertação de centenas de presos palestinos.

Netanyahu se reuniu na quarta com o enviado especial da Casa Branca para o Oriente Médio, George Mitchell e, antes de partir para Israel, frisou: "Acho que encontramos o caminho dourado entre nosso desejo, junto ao dos americanos, de fazer avançar o processo de paz e manter a política tradicional israelense".

No entanto, por enquanto não se vislumbra que o atual Governo israelense possa harmonizar os interesses de EUA e Israel, o que levou analistas políticos a prever que, para que isso ocorra, Netanyahu deveria se aproximar ao Kadima, partido de centro liderado por Tzipi Livni.

EFE   
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