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América Latina

Militares bolivianos se negam a abrir arquivos das ditaduras

17 fev 2010 - 17h53
(atualizado às 18h02)
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O comando militar da Bolívia rejeitou nesta quarta-feira uma ordem judicial para abrir os arquivos das ditaduras do último meio século no país, informou um promotor.

A ordem havia sido emitida a pedido de parentes de desaparecidos, e contava com o apoio do presidente esquerdista Evo Morales. A intenção era facilitar a localização dos restos de dissidentes como o militante socialista Marcelo Quiroga Santa Cruz, supostamente assassinado durante o golpe de Estado de 1980.

O promotor Milton Mendoza foi ao quartel-general de La Paz receber os documentos, mas disse que só teve acesso a um escritório onde lhe informaram que haveria recurso à sentença judicial.

"Para nós é um despropósito, porque a ordem judicial era que a entrega dessa documentação se faça na promotoria", disse Mendoza a jornalistas, acrescentando que os comandantes militares lhe disseram que só cogitariam a possibilidade de enviar alguns documentos a um juiz.

A decisão de abrir os arquivos, tomada na semana passada pelo juiz Roger Velarde a pedido de Mendoza, se baseia na nova Constituição boliviana, de 2009, que exige transparência nas informações públicas.

Depois de inicialmente comemorarem a decisão, parentes de desaparecidos manifestaram preocupação com a recusa dos militares.

Quase cem militantes de esquerda, segundo entidades de direitos humanos, desapareceram durante as várias ditaduras que governaram a Bolívia entre 1964 e 1982. Em alguns casos, houve coordenação com outros regimes militares da região para a repressão aos dissidentes.

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