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Mundo

Senegal propõe criação de Estado na África para haitianos

18 jan 2010 - 14h29
(atualizado às 14h38)
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O líder do Senegal propôs a criação de um novo Estado africano para abrigar haitianos desabrigados pelo terremoto da semana passada, comparando o plano à criação de Israel, em 1948.

infográfico haiti terremoto porta-avião navio hospital
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Foto: Reuters

Em meio à comoção africana pelo sofrimento de dezenas de milhares de haitianos que ainda esperam por ajuda, o presidente Abdoulaye Wade disse que a descendência de escravos garante aos haitianos o direito de uma nova vida no continente.

"Tudo o que estamos dizendo é que os haitianos não os levaram para lá. Eles estão lá devido à escravidão, cinco séculos de escravidão", disse Wade à Reuters TV nesta segunda-feira.

"Temos que lhes oferecer a chance de vir à África, esta é a minha ideia. Eles têm tanto direito na África quanto eu tenho", afirmou ele sobre a proposta, que se tornou pública no fim de semana e deve ser submetida à União Africana, bloco de 53 países.

Como Israel

Wade se proclama defensor dos pobres no cenário internacional. Críticos afirmam que ele possui uma veia populista e que seus planos nem sempre se concretizam, mas o líder de 83 anos ignora os céticos.

"Israel foi criado da mesma maneira", afirmou. "Você não pode me dizer que não é possível. Tudo é possível se os haitianos se empenharem".

O Senegal deve apresentar a resolução à União Africana pedindo a criação aos haitianos "de seu próprio Estado no território africano, a terra de seus ancestrais", de acordo com o texto da resolução publicado em jornais locais.

Wade disse que o Senegal e outros países africanos devem naturalizar qualquer haitiano que buscar nova nacionalidade, e defendeu um programa de adoção em massa de órfãos em todo o continente após o forte terremoto de terça-feira, que pode ter matado até 200 mil pessoas.

Terremoto

Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.

Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. Estimativas mais recentes do governo haitiano falam em mais de 200 mil mortos e 50 mil corpos já enterrados. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.

Morte de brasileiros

A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, o diplomata Luiz Carlos da Costa, segunda maior autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, e pelo menos 16 militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto. Dois militares estão desaparecidos.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e comandantes do Exército chegaram na noite de quarta-feira à base brasileira no país para liderar os trabalhos do contingente militar brasileiro no Haiti. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o país. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.

O Brasil no Haiti

O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.

A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.

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