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Lula pede a ministros que não falte dinheiro para o Haiti

18 jan 2010 - 14h27
(atualizado às 14h29)
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Laryssa Borges
Direto de Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta segunda-feira ao ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, que passem a integrar o gabinete de crise que coordena as ações humanitárias brasileiras em prol do Haiti como forma de garantir que não faltem recursos para socorrer o país caribenho, devastado por um terremoto de mais de 7 graus na escala Richter na última semana.

Militares brasileiros se preparam para ir ao Haiti
Militares brasileiros se preparam para ir ao Haiti
Foto: Francisco de Assis / Especial para Terra

"O presidente pediu ao ministro da Fazenda e ao ministro do Planejamento que se incorporem ao gabinete de crise. É preciso garantir todos os recursos necessários para a manutenção das ações", afirmou o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Embora o governo brasileiro não cogite, por hora, ampliar a atual doação de US$ 15 milhões, a preocupação do Brasil é para que sejam mantidos os deslocamentos aéreos que levam a ajuda humanitária e a compra de insumos de primeira necessidade.

O presidente Lula conversa nesta tarde com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, para articular a coordenação da entrega da ajuda humanitária à nação caribenha. Lula já havia afirmado ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que o Brasil gostaria de integrar o grupo de países doadores ao Haiti para, com isso, acelerar a entrega de donativos.

Além da doação de medicamentos, alimentos e água, o Brasil prepara o envio de um navio da Marinha com mais mantimentos para os desabrigados e desalojados. Fotografias feitas pela Embrapa via satélite indicaram que os reservatórios de água potável do Haiti não foram afetados pelo terremoto, mas ainda falta que autoridades verifiquem a qualidade da água. Em todo caso, empresas brasileiras produtoras de bebidas ofertaram caminhões-pipa com água potável para os haitianos.

O risco de saques e conflitos entre líderes de criminosos e autoridades militares também está sendo administrado pelo Brasil. Responsável pela liderança da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), o Brasil se comprometeu junto a autoridades locais a se manter como guardião da segurança local, independentemente do nível de tensão na capital, Porto Príncipe.

"O papel do Brasil continua sendo o de garantir a segurança. Não existe demanda por um maior contingente agora, mas a segurança é uma preocupação natural desde o começo. O Brasil tem condições de coordenar todos os demais países na questão de segurança", disse Alexandre Padilha.

Terremoto

Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.

Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. Estimativas mais recentes do governo haitiano falam em mais de 200 mil mortos e 50 mil corpos já enterrados. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.

Morte de brasileiros

A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, o diplomata Luiz Carlos da Costa, segunda maior autoridade civil da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, e pelo menos 16 militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto. Dois militares estão desaparecidos.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e comandantes do Exército chegaram na noite de quarta-feira à base brasileira no país para liderar os trabalhos do contingente militar brasileiro no Haiti. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o país. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.

O Brasil no Haiti

O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.

A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.

Fonte: Redação Terra
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