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Estudantes acusam embaixatriz de negar abrigo no Haiti

16 jan 2010 - 15h26
(atualizado às 16h11)
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Seis estudantes de ciências sociais da Unicamp que desenvolvem uma pesquisa de campo antropológica no Haiti afirmam que foram hostilizados pela embaixatriz do Brasil no Haiti, Roseana Kipman, mulher do embaixador do Brasil no Hati, Igor Kipman. Em seu blog chamado Pesquisadores da Unicamp no Haiti, os estudantes relatam que a embaixatriz negou abrigo a eles e que a embaixada não teria nenhuma responsabilidade sobre o grupo.

Casas foram destruídas pelo terremoto que atingiu Porto Príncipe na última terça-feira
Casas foram destruídas pelo terremoto que atingiu Porto Príncipe na última terça-feira
Foto: Reuters

"Ela não nos perguntou nada. Não sabia quem éramos, ou o que fazíamos aqui. Quando soube que de um grupo da Unicamp se tratava, não titubeou: "A embaixada não tem nenhum compromisso com a Unicamp. O embaixador proibiu que fossem hospedados em nossas dependências. Ele é o embaixador, ele manda; se hospedamos vocês temos que hospedar todos".

Os estudantes também afirmaram que a embaixatriz se negou a dar informações sobre como buscar ajuda para voltar ao Brasil. "E seguiu, com pérolas: "A embaixada não vai evacuar ninguém porque eu não vou sair daqui. Vocês devem voltar para o Brasil como vieram. Vocês sabem onde fica o aeroporto, comprem passagem; vocês sabem onde fica a rodoviária, de lá saem ônibus para a república dominicana". E prosseguiu com a máxima: "Não temos nenhuma responsabilidade sobre vocês. Vocês estavam no lugar errado na hora errada, sinto muito".

Itamaraty explica atendimento feito a brasileiros

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não iria comentar as afirmações postadas no blog. Segundo a assessoria, a embaixatriz não é uma funcionária da embaixada e que, mesmo assim, estaria trabalhando de forma voluntária para ajudar a todos que buscam por socorro.

"O que se sabe é que a embaixatriz, apesar de não ser funcionária, está trabalhando de forma abnegada desde que aconteceu o terremoto. Esse relato é surpreendente, porque bate de frente com outras informações que recebemos, que dão conta de que ela estaria com boa vontade de ajudar", afirmou a assessoria de imprensa do MRE.

A assessoria afirmou que o Ministério enviou para o Haiti o diplomata Bernado Penha Brasil exclusivamente para fazer o atendimento das pessoas que desejam voltar para o Brasil. Para isto, basta procurar a embaixada, que devido ao terremoto está funcionando no prédio do centro cultural Brasil-Haiti, e pedir atendimento. Aqueles que desejam voltar, terão seu retorno ao Brasil feito em voos da FAB.

De acordo com a assessoria, até sexta-feira a embaixada contabilizava uma lista com 20 pessoas que já manifestaram seu desejo de voltar ao Brasil.

Terremoto

Um terremoto de magnitude 7 na escala Richter atingiu o Haiti nessa terça-feira, às 16h53 no horário local (19h53 em Brasília). Com epicentro a 15 km da capital, Porto Príncipe, segundo o Serviço Geológico Norte-Americano, o terremoto é considerado pelo órgão o mais forte a atingir o país nos últimos 200 anos.

Dezenas de prédios da capital caíram e deixaram moradores sob escombros. Importantes edificações foram atingidas, como prédios das Nações Unidas e do governo do país. Estimativas mais recentes do governo haitiano falam em mais de 200 mil mortos e 50 mil corpos já enterrados. O Haiti é o país mais pobre do continente americano.

Morte de brasileiros

A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Organismo de Ação Social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Zilda Arns, e militares brasileiros da missão de paz da ONU morreram durante o terremoto no Haiti.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, e comandantes do Exército chegaram na noite de quarta-feira à base brasileira no país para liderar os trabalhos do contingente militar brasileiro no Haiti. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil anunciou que o país enviará até US$ 15 milhões para ajudar a reconstruir o país. Além dos recursos financeiros, o Brasil doará 28 t de alimentos e água para a população do país. A Força Aérea Brasileira (FAB) disponibilizou oito aeronaves de transporte para ajudar as vítimas.

O Brasil no Haiti

O Brasil chefia a missão de paz da ONU no país (Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti, ou Minustah, na sigla em francês), que conta com cerca de 7 mil integrantes. Segundo o Ministério da Defesa, 1.266 militares brasileiros servem na força. Ao todo, são 1.310 brasileiros no Haiti.

A missão de paz foi criada em 2004, depois que o então presidente Jean-Bertrand Aristide foi deposto durante uma rebelião. Além do prédio da ONU, o prédio da Embaixada Brasileira em Porto Príncipe também ficou danificado, mas segundo o governo, não há vítimas entre os funcionários brasileiros.

Fonte: Redação Terra
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