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Oriente Médio

Israel simula ataque biológico e envia duas equipes ao Haiti

14 jan 2010 - 12h33
(atualizado às 12h37)
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Gabriel Toueg
Direto de Tel Aviv

Uma simulação em grande escala de ataque biológico está sendo realizada em Gush Dan (região central de Israel) para testar o nível de preparo do país diante de um incidente deste tipo. Os exercícios envolvem ações conjuntas de hospitais, clínicas, instituições de saúde, o Exército e o serviço de resgate Magen David Adom (estrela de David vermelha) em Tel Aviv e arredores. Quase metade da população israelense vive na região.

Médicos vestidos com roupas especiais simulam tratamento em soldados durante exercício de ataque biológico
Médicos vestidos com roupas especiais simulam tratamento em soldados durante exercício de ataque biológico
Foto: AP

Os exercícios, que envolvem cerca de mil voluntários, entre soldados e civis, tiveram início na manhã de quarta-feira e devem seguir durante parte desta quinta-feira. Uma sala de monitoramento foi montada em um escritório do Ministério da Saúde em Tel Aviv para acompanhar as simulações. No local, representantes de diversas instituições públicas, como a polícia e a inteligência militar, usavam laptops para alimentar bancos de dados e avaliar os resultados da operação.

No final da tarde desta quarta, a movimentação era intensa no local. Um alto funcionário do Ministério da Saúde afirmou ao Terra que operações semelhantes ocorreram apenas em situações de guerras, como a que o país conduziu contra o grupo palestino Hamas na Faixa de Gaza no início de 2009, ou em atentados terroristas.

Haiti
Durante os exercícios, as equipes médicas tiveram que lidar com um caso real: a montagem de um time para ajudar no resgate das vítimas do forte terremoto que atingiu o Haiti na terça-feira. O resultado obtido foi uma equipe com cerca de 200 pessoas que poderá montar um hospital de base em Porto Príncipe.

"Podemos dizer que se trata de uma unidade de tratamento intensivo com mais capacidades", disse o Chefe Médico do Exército, Brigadeiro-General Nahman Esh. De acordo com ele, a delegação sugerida recebeu sinal verde do Chefe do Estado-Maior do Exército e aguarda outras aprovações para se juntar ao time que Israel já enviou para o país caribenho.

Segundo um comunicado do Ministério de Relações Exteriores, o primeiro grupo partiu de Israel às 11h30 locais (7h30 desta quarta-feira no Brasil) para a capital haitiana. Na delegação há funcionários da chancelaria e do Comando Civil Central e equipes médicas do Exército. De acordo com a imprensa local, pelo menos oito israelenses estão desaparecidos no país, entre eles Sharon Alsaye, filha de Abie Nathan, conhecido pacifista e fundador da estação de rádio Voice of Peace (voz da paz).

"Flama Laranja"

A operação de simulação, a maior já realizada em Israel, foi apelidada de "Flama Laranja 4" - três exercícios foram feitos anteriormente em outras regiões do país, mas em menor escala. Os envolvidos foram identificados por adesivos com o nome da operação. Médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde usavam máscaras, luvas e roupas protetoras. Policiais faziam perguntas aos pacientes para investigar a possibilidade de um ataque biológico terrorista.

No Ichilov, o principal hospital de Tel Aviv e terceiro maior de Israel, com 1,2 mil leitos, pacientes fictícios eram entrevistados e classificados de acordo com a gravidade da situação - os casos mais graves eram levados a zonas estéreis. Os "doentes", na realidade voluntários, foram treinados previamente e traziam fichas com o "histórico médico" - eles tiveram de reclamar de sintomas como febre alta e ferimentos na cavidade bucal. O Sheeba (em Tel Hashomer), maior hospital do país, com 1,7 mil leitos, e o Wolfson, em Holon, também participaram dos exercícios.

"Dezenas de mortes - entre elas a de um comandante das forças aéreas - e milhares de contaminações por um agente biológico", foram simuladas, de acordo com o jornal Yediot Aharonot. Em uma primeira avaliação, o Exército afirmou nesta quarta-feira que a população não está suficientemente sensibilizada com relação ao perigo de um ataque biológico. "A operação pretende aumentar a sensibilização", disse Esh.

Máscaras

No começo de janeiro a imprensa israelense divulgou a notícia de que o governo decidiu ampliar a distribuição de máscaras contra gás dos originais 60% à totalidade da população local, estimada em cerca de 8 milhões de habitantes até 2013, quando o projeto deverá ser concluído. A nova decisão vai custar ao país cerca de US$ 270 milhões adicionais - 545 milhões já foram investidos.

Os kits de máscaras anti-gás foram usados no país em 1991, durante a Guerra do Golfo. Em 2003, por conta da invasão norte-americana ao Iraque, o país chegou a cogitar a ideia de voltar a adotar a proteção. Contudo, o plano foi cancelado anos mais tarde quando se entendeu que os kits não teriam efeito - e as máscaras foram recolhidas em 2005. Há dois anos, o governo de Ehud Olmert votou pelas máscaras, mas não havia recursos suficientes. A distribuição das máscaras deve começar em fevereiro.

Fonte: Especial para Terra
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