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América Latina

Centenas de milhares morreram em tremor, diz premiê do Haiti

13 jan 2010 - 15h12
(atualizado às 16h40)
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Centenas de milhares de pessoas morreram no terremoto que assolou o Haiti ontem, disse nesta quarta o primeiro-ministro do país, Jean-Max Bellerive, à rede americana CNN. Mais cedo, o presidente René Préval havia dito temer que milhares de pessoas tenham morrido no forte terremoto que destruiu o palácio presidencial, escolas, hospitais e favelas do país, levando a nação caribenha a implorar por ajuda internacional. A população do Haiti é de cerca de 8 milhões de habitantes segundo levantamento feito em 2008.

O prédio da ONU em Porto Príncipe desabou
O prédio da ONU em Porto Príncipe desabou
Foto: Reuters

Um prédio de cinco andares que servia como quartel-general da Organização das Nações Unidas (ONU) desmoronou após o tremor de magnitude 7,0 da terça-feira, o mais forte a atingir o país em mais de 200 anos, de acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos.

O presidente haitiano classificou a destruição como "inimaginável" e disse ao jornal The Miami Herald acreditar que há milhares de mortos. Ele afirmou ter caminhado entre corpos e ter ouvido o choro de pessoas sob os escombros do Parlamento. Entre os soterrados está o presidente do Senado do país.

"Há muitas escolas que têm muitas pessoas mortas", disse Préval ao jornal. "Todos os hospitais estão cheios de pessoas. É uma catástrofe".

Cenas de caos tomaram conta das ruas da capital Porto Príncipe, com pessoas desesperadas caminhando entre os escombros da empobrecida cidade.

O palácio presidencial foi reduzido a ruínas, com suas cúpulas derrubadas sobre as paredes. Préval e sua mulher não estavam no prédio no momento do tremor.

O Exército brasileiro confirmou a morte de ao menos 11 militares brasileiros após o terremoto. Há outros nove feridos, quatro desaparecidos e três sob os escombros.

A fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, também está entre os mortos.

O Brasil lidera as tropas de paz da ONU no Haiti e participa da Minustah com 1.266 militares. O contingente total da missão é de 9.065 pessoas, sendo 7.031 militares, segundo dados de novembro.

O governo brasileiro irá enviar entre 10 e 15 milhões de dólares e 14 toneladas de alimentos para o Haiti, informou o Ministério de Relações Exteriores.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em nota nesta quarta-feira estar consternado com as consequências do tremor, principalmente em razão da presença de brasileiros que participam da força de paz da ONU no país.

Apelo à comunidade internacional

As informações sobre vítimas e danos chegam lentamente do Haiti por causa de problemas de comunicação no país. Como nação mais pobre do hemisfério ocidental, o Haiti não tem equipamentos suficientes para lidar com esse tipo de desastre.

"Faço um apelo ao mundo, especialmente aos Estados Unidos, para fazer o que eles fizeram por nós em 2008, quando quatro furacões atingiram o Haiti", disse Raymond Alcide Joseph, embaixador do Haiti em Washington, em entrevista à CNN.

O presidente norte-americano, Barack Obama, afirmou que seus "orações" estão com o povo do Haiti e prometeu ajuda imediata.

Teme-se que haja mortos sob os escombros do prédio da ONU. O secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, disse nesta quarta-feira que entre os desaparecidos está o chefe da missão da ONU, Hedi Annabi, mas não pode confirmar informações de que ele teria morrido.

Ban disse que entre 100 e 150 pessoas estavam no prédio no momento do tremor.

Em Genebra, autoridades da ONU disseram que a entidade deve divulgar um apelo global emergencial pedindo por fundos e outras formas de assistência. A Comissão Europeia prometeu 3 milhões de euros (4,37 milhões de dólares) em ajuda, enquanto a Alemanha disse que vai enviar imediatamente 1 milhão de euros.

Os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França, Bélgica, Suécia, Luxemburgo e Holanda enviaram equipes de reconhecimento e resgate, alguns com cães farejadores e equipamentos pesados, enquanto outros governos ofereceram barracas, unidades purificadores de água, médicos e equipes de telecomunicação.

O epicentro do sismo foi apenas a 16 quilômetros de Porto Príncipe. Cerca de 4 milhões de pessoas vivem na cidade e em localidades próximas. Muitas pessoas dormiram nas ruas, longe de paredes frágeis, após tremores seguintes de magnitude de até 5,9 terem atingido a cidade durante a noite.

O terremoto aconteceu às 17h de terça-feira (20h em Brasília). Testemunhas relataram que as pessoas gritavam "Jesus, Jesus" e corriam para as ruas enquanto prédios de escritório, hotéis e lojas desabavam. Especialistas dizem que o epicentro do sismo foi muito próximo da superfície, a apenas 10 quilômetros de profundidade, o que provavelmente potencializou a destruição.

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