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Mundo

Museu mostra luxo excêntrico dos traficantes mexicanos

9 jan 2010 - 06h17
(atualizado às 09h53)
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O corpo empalhado de Zuyaqui, o cachorro campeão em detecção de droga no México, monta guarda sobre as pistolas de ouro e brilhantes com logotipo de Versace dos senhores do narcotráfico no militar Museu do Enervante.

Pistola com 121 brilhantes que pertenceu ao traficante Estanislao Olmos é uma das peças expostas no Museo del Enervante, na Cidade do México
Pistola com 121 brilhantes que pertenceu ao traficante Estanislao Olmos é uma das peças expostas no Museo del Enervante, na Cidade do México
Foto: EFE

Cerca de duas dezenas de armas douradas, algumas com mais de cem pequenos diamantes na culatra e outras com os nomes dos criminosos - como "O Matador" e "O Embaixador"- gravados nos canos repousam em suas vitrines, no coração da sede da Secretaria da Defesa Nacional (Sedena), na capital mexicana.

Nem todos os traficantes podem ter uma arma assim, nem só por que custam entre US$ 20 mil e US$ 30 mil (o preço de dois quilos de cocaína, aproximadamente), mas dependem do respeito e da categoria que tenham conquistado, explica o guia do local.

"Com frequência encontramos nas armas de fogo (gravuras de) animais selvagens e jóias de luxo como ouro, brilhantes, rubis, esmeraldas, marfins, motivos alusivos a personagens históricos e decorações artísticas", diz.

Está claro que "o traficante procura colocar na arma sua personalidade ou parte de sua maneira de pensar, para alguns a ostentação".

O luxo da narcocultura está presente em todo o tipo de objeto apreendido, com os chefes e outras "personalidades" detidas, como um celular de ouro que pertenceu a Daniel Pérez Rojas, "El Cachetes", do grupo Los Zetas, braço armado do Cartel do Golfo.

O sinal de identificação de seus membros, uma corrente também de ouro em formato de moeda com um Z gravado, também faz parte do acervo.

Ao lado desta peça, estão os óculos de sol Christian Dior com hastes douradas de Benjamín Arellano Félix, "El Tigrillo", que foi um líder do cartel de Tijuana, atualmente preso nos Estados Unidos.

Pendurado na parede está o chapéu branco de "El J.T.", Javier Torres Félix, operador do Cartel de Sinaloa. Existe até a fachada da casa de um traficante. Na porta de madeira há uma advertência com uma espingarda apontada ao visitante, alertando que esta não é uma morada qualquer.

Em frente, um busto de Jesús Malverde, reverenciado como o patrão dos traficantes, e uma figura da Santa Morte, um culto popular entre esses criminosos, diz o Exército.

O museu guarda ainda armamento com menos ornamentos que as pistolas de ouro, porém mais mortífero, como uma AK-47, espingarda de assalto por excelência do crime organizado, chamada de "corno de bode" por seu carregador curvado.

Também há uma Barrett, uma metralhadora antiblindagem, e uma R-15, outra espingarda de assalto muito utilizada pelos traficantes. Esta é a parte mais colorida do recinto, criado em 1985 para ajudar no combate às drogas no México, onde os traficantes estão entre os mais poderosos da América.

Em uma das portas há uma placa com os nomes dos militares mortos em combate contra os cartéis - 640 desde 1976 - e um mural com soldados lutando contra as plantações ilegais.

O museu, que não está aberto ao público, tem um objetivo didático, para os próprios militares e para a formação de profissionais como advogados e criminologistas.

Em suas salas estão detalhadas todas as ações do Exército na luta contra as drogas e continuamente chegam objetos e fotografias de detenções e confiscos.

Uma das aquisições mais recentes é uma cuba para processar drogas sintéticas encontrada no maior laboratório de droga desmantelado no país: situado na região montanhosa das Las Trancas, em Durango, parte do "triângulo dourado das drogas" do México, era quase um pequeno povoado onde o Cartel de Sinaloa fabricava até 100 quilos de cocaína por dia.

Nesse local existia uma cabana luxuosa - incluindo um catálogo de modelos - que se imagine que foi a morada de Joaquín "El Chapo" Guzmán, líder do cartel e um dos narcotraficantes mais procurados.

Também estão guardadas as mensagens enviadas aos soldados para que não destruíssem as plantações de papoula e de maconha. "Senhores soldados suplicamos que não estraguem esse trabalho. Se quiserem deixem um bilhete com os seus pedidos que faremos um trato e tudo será resolvido", diz uma das anotações, escrita com muitos ortográficos.

Também podem ser vistos os métodos dos traficantes para transportar a droga, de "mulas" humanas a bonecos e vasilhas de leite.

EFE   
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