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Mundo

Chávez convoca Mercosul a não reconhecer pleito em Honduras

8 dez 2009 - 12h10
(atualizado às 12h18)
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Fernando Diniz
Direto de Montevidéu

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, convocou os participantes da reunião de cúpula do Mercosul a não reconhecerem as eleições ocorridas em Honduras, que elegeram o candidato Porfírio Lobo, no fim de novembro. O presidente do país da America Central, Manuel Zelaya, foi deposto em um golpe militar, depois de propor um plebiscito sobre uma eventual candidatura à reeleição.

Chávez cumprimenta o líder uruguaio, Tabaré Vázquez, durante cúpula em Montevidéu
Chávez cumprimenta o líder uruguaio, Tabaré Vázquez, durante cúpula em Montevidéu
Foto: Reuters

"Está em marcha um conjunto de ações diplomáticas para que se esqueça a origem do golpe. Clamo abertamente a não reconhecer o governo, porque há um povo em resistência", disse Chávez, que está reunido com os presidentes do Brasil, Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai, em Montevidéu, além de representantes de outros países da América do Sul.

"Estamos muito preocupados. Há países aqui sentados que reconhecem o novo governo", disse Chávez ao discursar no plenário dos presidentes do Mercosul. "Isto significa que se ocorrer um golpe na Venezuela, e Chávez precisar se refugiar na Embaixada do Brasil, e se estivermos cercados, e três meses depois forem realizadas eleições só com candidatos da direita, os governos do Peru e da Colômbia vão a reconhecer esse governo?", perguntou o líder venezuelano.

O presidente Venezuelano disse que uma eleição em Honduras só poderia ser legítima se Zelaya voltasse ao poder e organizasse um novo pleito. Ele criticou ainda o apoio anunciado pelos governos da Colômbia e do Peru à escolha de Porfírio Lobo.

A fala de Chávez faz coro com as recentes afirmações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nega reconhecer a eleição por ter sido organizada por um governo golpista. Ontem, o ministro das Relações Institucionais, Celso Amorim, reiterou que não há prazo para Zelaya deixar a Embaixada brasileira em Tegucigalpa, onde está abrigado desde novembro. O chaceler também negou que a postura do Brasil em relação ao país seja hipócrita, afirmando ter favorecido o diálogo.

Bases na Colômbia

Chávez advertiu novamente que o acordo militar que permite aos Estados Unidos utilizarem bases colombianas é "um plano de guerra contra a América do Sul". Disse que apesar "de o governo deste país da América do Sul e o dos EUA terem tratado de maquiar", o projeto dota Washington de "grande capacidade para vir sobre nós a qualquer momento", graças à "espionagem, à interceptação, à inteligência e ao monitoramento", afirmou Chávez.

Em frente aos colegas do Brasil e da Argentina, indicou que a partir das bases colombianas os aviões americanos "podem voar até o Cone Sul sem necessidade de reabastecimento". "As forças do Brasil têm condições de sabotar as comunicações", alertou Chávez a Lula. "Não há tecnologia que nós tenhamos que nos torne imune à tecnologia ianque", acrescentou, ao antecipar que a Venezuela vai seguir denunciando o risco desse plano de cooperação militar entre a Colômbia e os Estados Unidos.

Com agências internacionais

Fonte: Redação Terra
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