PUBLICIDADE

América Latina

Amorim: intervenção do Brasil facilitou diálogo em Honduras

7 dez 2009 - 22h16
(atualizado às 22h32)
Compartilhar
Fernando Diniz
Direto de Montevidéu

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, negou nesta segunda-feira que o Brasil tenha sido hipócrita ao não reconhecer as eleições de Honduras e afirmou que a intervenção do governo brasileiro facilitou o diálogo no país da América Central. Amorim ressaltou que não há prazo para o presidente deposto, Manuel Zelaya, deixar a Embaixada brasileira em Tegucigalpa. O chanceler acredita, no entanto, que possa ter uma solução para a situação de Zelaya antes da posse do presidente eleito, Porfírio Lobo.

Zelaya está abrigado no prédio da Embaixada desde setembro. O presidente hondurenho foi deposto por militares no dia 28 de junho, após propor modificações na Constituição para poder tentar a reeleição. No domingo, Manuel Zelaya disse que ficará na Embaixada brasileira até quando o Brasil permitir.

"Acho que o Brasil procurou, até ao dar abrigo a Zelaya, foi facilitar o diálogo. Houve algum diálogo, que, quem sabe, permitirá a reconciliação do povo hondurenho no futuro. Se o Brasil não tivesse dado abrigo ao Zelaya, talvez estivesse tudo parado. Não vejo nisso nenhuma hipocrisia. O Brasil defende a democracia, de maneira clara e evidente. Somos contra Golpe de Estado. Agora, o povo hondurenho vai encontrar uma maneira de resolver seus problemas", disse Amorim, que está em Montevidéu para a 38ª reunião do Conselho do Mercado Comum do Sul (Mercosul). O Brasil foi, recentemente, alvo de críticas por apoiar as eleições iranianas e não reconhecer o pleito de Honduras, ocorrido em 29 de novembro.

Questionado sobre um possível prazo para que Zelaya deixe a Embaixada brasileira em Tegucigalpa, visto que o novo chefe de Estado hondurenho tomará posse em janeiro, Amorim negou qualquer ultimato, mas disse acreditar que o presidente deposto tenha seus "próprios interesses".

"Nós não demos prazo, mas acredito que ele próprio (Zelaya) tenha seus interesses. Nós estamos em contato com o presidente Zelaya e vamos encontrar uma maneira mais segura...", afirmou o chaceler brasileiro, sem completar a frase. "Acho que, evidentemente, a situação do presidente Zelaya nos preocupa. Mas temos certeza da solução adequada (...). Acho provável, possível que antes de (Zelaya) ser ex-presidente, seja encontrada alguma solução."

Irã

Celso Amorim também foi questionado sobre sua visita ao Irã, na semana passada, depois da polêmica visita do presidente Mahmoud Ahmadinejad ao País. O ministro disse que a ida ao país asiático tem como objetivo continuar o diálogo entre as nações na perspectiva de uma visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Irã, em abril ou maio do ano que vem.

Amorim disse que foi discutido o interesse do Brasil em encontrar soluções positivas e construtivas para a questão nuclear, afirmando que a não proliferação nuclear e o desarmamento nuclear são assuntos que não podem ser discutidos separadamente.

"Vamos ter agora (em 2010) uma oportunidade, com a revisão do Acordo do TNP (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares), de os países que detém armas nucleares de mostrar sua sinceridade em relação ao desarmamento, adotando passos efetivos, e isso ajudará a combater a proliferação, que nós também combatemos", disse.

Fonte: Redação Terra
Compartilhar
Publicidade