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Morre aos 100 anos o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss

3 nov 2009 - 14h35
(atualizado às 20h41)
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O antropólogo franco-belga Claude Lévi-Strauss, um dos intelectuais mais importantes do século XX, famoso antropólogo e pai do enfoque estruturalista das ciências sociais, morreu no sábado aos 100 anos, informou nesta terça-feira a editora Plon, sem divulgar as causas e outros detalhes.

Morre o antropólogo Claude Lévi-Strauss:

Nascido em Bruxelas em 1908, Claude Lévi-Strauss influenciou gerações de pesquisadores no campos da filosofia, sociologia, história e teoria da literatura. Ele estabeleceu as bases da antropologia moderna ao mudar a percepção do mundo.

As contribuições mais decisivas do trabalho de Lévi-Strauss podem ser resumida em três grandes temas: a teoria da aliança, os processos mentais do conhecimento humano e a estrutura dos mitos. A teoria da aliança defende que o parentesco tem mais a ver com a aliança entre duas famílias por casamento respectivo entre seus membros do que com a ascendência de um antepassado comum.

Além disso, para Lévi-Strauss, não existe uma "diferença significativa entre o pensamento primitivo e o civilizado", disse à Agência Efe o professor de antropologia Rafael Díaz Maderuelo, por ocasião dos 100 anos do intelectual. A mente humana "organiza o conhecimento em pares binários e opostos que se organizam de acordo com a lógica" e "tanto o mito quanto a ciência são estruturados por pares de opostos relacionados logicamente", acrescentou.

Tristes Trópicos

Entre suas mais de 30 obras, a mais famosa é a autobiografia intelectual Tristes trópicos, publicada em 1955, considerada um dos grandes livros do século XX. O livro fala de sua passagem pelo Brasil, entre 1935 e 1939, onde lecionou na recém-fundada Universidade de São Paulo (USP), e de suas viagens pelo interior do País. Nelas, entrou em contato com populações indígenas e organizou missões etnográficas em Mato Grosso e na Amazônia.

De volta à França, foi mobilizado em 1939 para combater na Segunda Guerra Mundial. Mas no ano seguinte foi liberado devido a sua origem judaica. Se refugiou então nos Estados Unidos e ensinou em Nova York, na New School for Social Research. Após a guerra, foi nomeado, em 1946, conselheiro cultural da embaixada da França.

Voltou ao continente europeu e se tornou, em 1949, vice-diretor do Museu do Homem de Paris. A partir de 1950 ocupou a cátedra de religiões comparadas dos povos sem escrita da Escola de Altos Estudos de Paris e, em 1959, a de antropologia social do Colégio da França.

Era discípulo intelectual de Émile Durkheim e de Marcel Mauss, interessado pela obra de Karl Marx, pela psicanálise de Sigmund Freud, pela lingustica de Ferdinand de Saussure e Roman Jakobson, pelo formalismo de Vladimir Propp, entre outros. Também era um apaixonado pela música, geologia, botânica e astronomia.

Entre suas principais obras estão Estruturas elementares do parentesco (1949), Antropologia estrutural (1958), Pensamento selvagem (1962), os quatro tomos da série Mitológicas (publicados entre 1964 e 1971), além de Tristes trópicos, a mais famosa delas.

Foi o primeiro antropólogo eleito para a Academia Francesa em maio de 1973. Casado pela terceira vez em 1954, Lévi-Strauss tinha dois filhos. Em 28 de novembro de 2008, festejou seus 100 anos de vida.

Com informações da AFP.

EFE   
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