Leste Europeu apoia menos o capitalismo do que há 20 anos
Quase duas décadas depois da queda do Muro de Berlim, os habitantes dos países do Leste Europeu aprovam, mas com menos entusiasmo do que então, a passagem do comunismo para o capitalismo, diz uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira nos Estados Unidos.
O Projeto de Atitudes Globais, do Pew Research Center (PRC), engloba entrevistas feitas com 14.760 adultos entre 27 de agosto e 24 de setembro nos Estados Unidos e em 14 países do leste e do oeste da Europa para recolher opiniões sobre o colapso do sistema soviético e de seus aliados europeus.
"A maioria dos povos nas outras repúblicas soviéticas e nos países da Europa oriental apoia o estabelecimento dos sistemas multipartidários e uma economia de mercado livre", segundo o PRC. Entretanto, os pesquisadores do instituto descobriram que o entusiasmo inicial e generalizado sobre estas mudanças "se atenuou na maioria dos países e, em alguns, o apoio à democracia e ao capitalismo diminuiu notavelmente".
No leste da Alemanha, por exemplo, a proporção de entrevistados que considerou como muito positiva a reunificação de seu país foi de 31%, bem menos do que os 45% registrados pelo Times Mirror Center, antecessor do PRC, durante uma pesquisa similar em 1991.
Em quase todos os países do leste e do centro da Europa, que durante décadas fizeram parte da chamada "Cortina de Ferro", diminuiu a opinião favorável à economia capitalista desde a pesquisa de 1991.
Na Hungria, a aprovação da economia de mercado caiu de 80% em 1991 para 46% neste ano; na Lituânia, de 76% para 50%; na Bulgária, de 73% para 53%; e na Ucrânia, de 52% para 36%, segundo o estudo. Fora Polônia e Eslováquia, onde aumentou a aprovação pela passagem do comunismo para a democracia, esta mudança tem hoje menos simpatia do que em 1991, de acordo com o PRC, mas continua contando com respaldo majoritário em quase todos os países.
A grande exceção é a Ucrânia: em 1991, 72% dos entrevistados simpatizavam com a transição para a democracia. Agora, apenas 30% consideram que houve melhorias com essa mudança. Na Bulgária, o apoio à mudança democrática caiu de 76% para 52%; na Lituânia, de 75% para 55%; e na Hungria, de 74% para 56%.
Com a exceção dos habitantes do oeste da Alemanha, o resto da região mostra índices positivos de satisfação com a qualidade da vida após a queda do comunismo. Na área da antiga República Federal da Alemanha, desde a pesquisa de 1991, o índice de satisfação caiu de 52% para 48%. Na ex-República Democrática da Alemanha, o índice de satisfação subiu de 15% para 43%.
Os poloneses aparecem como os mais entusiastas com as mudanças desde a queda do comunismo: o índice de satisfação com a qualidade de vida subiu 32 pontos percentuais, de 12% para 44%. O índice de satisfação na Eslováquia subiu 30 pontos, de 13% para 43%, e, na Rússia, cresceu 28 pontos, de 7% para 35%.