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Mundo

Após três anos, caso Natascha Kampusch ainda gera dúvidas

23 ago 2009 - 09h09
(atualizado às 09h32)
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Três anos após fugir do porão onde foi confinada por oito anos por seu sequestrador, Natascha Kampusch ainda gera especulações na imprensa com as novas suspeitas sobre a existência de possíveis cúmplices que permitiram que ficasse tanto tempo em cativeiro.

Foto de maio de 2008 mostra Natascha saindo do julgamento da sua mãe, Brigitta Sirny
Foto de maio de 2008 mostra Natascha saindo do julgamento da sua mãe, Brigitta Sirny
Foto: AFP

A história da jovem austríaca, sequestrada no dia 2 de março de 1998 aos 10 anos enquanto ia para a escola em um subúrbio de Viena e que fugiu em 23 de agosto de 2006, ficou famosa em todo o mundo. O seu raptor, Wolfgang Priklopil, um agente imobiliário de 44 anos, cometeu suicídio saltando em frente a um trem na mesma noite da fuga de Natascha.

A jovem ficou oito anos de cativeiro no porão de uma casa em Strasshof, a 25 km da capital austríaca, onde o seqüestrador a mantinha em um quarto de 5 m², onde uma TV era seu único contato com o mundo exterior. A primeira entrevista da jovem foi transmitida por 120 canais de televisão em todo o mundo. Kampusch logo se tornou uma apresentadora de programa de entrevistas em um canal na Áustria.

Mas há vários meses adotou uma atitude mais moderada e cada vez mais insiste em seu direito à privacidade. Recentemente, uma comissão de inquérito criada em fevereiro de 2008 para verificar possíveis erros ou omissões durante o inquérito policial de sequestro, sugeriu que poderia haver mais de um sequestrador.

Uma menina de 12 anos, que viu o momento em que a jovem era raptada, já tinha dito em 1998 que havia visto dois homens brancos na van onde Natascha Kampusch foi levada. Este elemento, que não despertou o interesse de investigadores na época, levou o Ministério do Interior a criar uma comissão de inquérito. Kampusch sempre defendeu a opinião de um único sequestrador e se recusou a falar publicamente da sua relação com ele durante o cativeiro.

O líder da comissão, o ex-presidente do Tribunal Constitucional, Ludwig Adamovich, causou surpresa a declarar recentemente ao jornal sensacionalista Kronen Zeitung que "é provável que o tempo em que ela ficou no cativeiro foi melhor do o que ela tinha vivido até então", acrescentando que a mãe da vítima, Brigitta Sirny, "não era particularmente uma mãe afetuosa".

Outro membro da Comissão, o ex-presidente do Supremo Tribunal, Johann Rzeszut, foi mais longe em um e-mail para o jornal Osterreich, no qual afirmou que Kampusch corria risco de vida se Priklopil tivesse realmente um cúmplice. "Temos medo de ler um dia em um jornal 'Natascha Kampusch sofre um acidente fatal'", escreveu.

A Comissão sempre toma a precaução de falar que essas são hipóteses que ainda exigem investigação complementar. Kampusch vive agora em seu próprio apartamento, em Viena, e está na faculdade. Ela herdou a casa do sequestrador em Strasshof e até seu carro. Alguns especialistas sugerem que ela pode sofrer da síndrome de Estocolmo, em que as vítimas de um seqüestro eventualmente desenvolvem alguma simpatia por seus captores.

Em uma entrevista à rádio alemã NDR na quinta-feira, Kampusch tinha se queixado de não ser capaz de se sentir livre, afirmando que "Eu tenho que constantemente me defender e me justificar do meu jeito de ser, o que requer muita energia. Ninguém me deixa ser eu mesma", acrescentando em seguida que "o seqüestrador me deixou ser eu mesma, de certa maneira".

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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