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Ásia

China censura internet e imprensa em aniversário de protesto

3 jun 2009 - 10h53
(atualizado às 11h26)
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A China censura nesta quarta-feira as informações sobre a repressão do movimento democrático na Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial) há 20 anos, na madrugada de 3 para 4 de junho de 1989, medida que afeta a internet e os sinais de canais de TV estrangeiros captados no país.

Soldados chineses marcham ao lado do público na Praça da Paz Celestial, em Pequim
Soldados chineses marcham ao lado do público na Praça da Paz Celestial, em Pequim
Foto: Reuters

Os internautas chineses não conseguem acessar nesta quarta-feira vários serviços da Microsoft, como a nova ferramenta de buscas Bing e o serviço de e-mail Hotmail, assim como a rede social Twitter. O Google, com fotos da repressão, ainda era acessado.

O bloqueio provocou discussões nos fóruns virtuais especializados, onde os acontecimentos de 1989 são mencionados com indiretas e jogos de palavras.

Os canais estrangeiros, exibidos na TV a cabo a um público bastante reduzido, também sofriam censura, com a tela escura no caso da CNN ou da BBC quando citavam os acontecimentos de 1989.

Além disso, muitos dissidentes foram afastados de Pequim e obrigados a permanecer em suas casas. Na página da internet do DoNews dedicada às novas tecnologias, um internauta escreveu: "Não foi a Microsoft que fez... é porque... amanhã...".

Os internautas inventam jogos de palavras com o termo "harmonia", usado como lema pelo regime comunista, acusado de querer "harmonizar" (censurar) os sites de informação estrangeiros. Serviços como a rede social Twitter são muito populares entre jovens nas cidades chinesas.

"Grandiosa grande muralha", comentou um internauta no DoNews, referindo-se ao sistema de controle da internet ativado pelo governo chinês.

No entanto, este drástico controle parece ter suas falhas. Enquanto os acessos a algumas páginas da web, como a da BBC em mandarim, foram cortados, alguns sites como Google, que exibe fotos da repressão de Tiananmen, são acessíveis nesta quarta-feira.

Os canais de televisão estrangeiros a cabo também sofreram a censura do regime. Cada vez que os apresentadores da BBC ou da CNN abordam o tema do aniversário de Tiananmen, uma tela escura aparece. O canal francês TV5 Monde também foi censurado.

A organização de defesa da liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras (RSF), com sede em Paris, denunciou na terça-feira em um comunicado uma "censura brutal" imposta pelo governo chinês "sobre as manifestações que duraram várias semanas em todo o território chinês e sobre o destino de centenas de estudantes e operários mortos pela repressão do Exército, em 4 de junho de 1989".

"Uma grande maioria de jovens chineses nem sequer conhece a existência destes acontecimentos, dado o silêncio mantido durante os 20 últimos anos", acrescentou RSF.

A China reforçou as medidas de segurança na Praça da Paz Celestial, em Pequim, centro político do país, e aumentou a vigilância dos dissidentes, por ocasião do aniversário da repressão do movimento democrático na noite de 3 a 4 de junho de 1989.

As forças de segurança inclusive proibiram que os jornalistas filmassem Tiananmen, a maior praça do mundo.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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