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Ásia

China lembra tremor que matou 90 mil em meio a dúvidas

12 mai 2009 - 04h16
(atualizado às 10h28)
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A China lembra nesta terça o primeiro ano após o terremoto na província de Sichuan, que deixou cerca de 90 mil mortos e desaparecidos e sobre o qual ainda há questões a resolver, como qual será o futuro dos sobreviventes ou que medidas que o país tomará para evitar que os frequentes tremores deixem tantas vítimas.

Multidão marcha até Beichuan, cidade da província de Sichuan
Multidão marcha até Beichuan, cidade da província de Sichuan
Foto: AFP

O ato central pelo terremoto aconteceu em Yingxiu, cidade próxima ao epicentro e onde morreram 6,3 mil de seus 9 mil habitantes, no qual o presidente da China, Hu Jintao, e outros líderes comunistas fizeram hoje um minuto de silêncio na hora exata em que aconteceu o terremoto, às 14h28 (3h28 de Brasília).

"A solidariedade é nossa força e lutando é possível conseguir a vitória", disse o presidente da China, ao elogiar os trabalhos de resgate de um ano atrás, que qualificou como "os mais rápidos, maciços e efetivos na história da China". A cerimônia aconteceu diante das ruínas do instituto de ensino médio de Yingxiu, o único edifício que ficou de pé na cidade, agora transformada em um local de casas pré-fabricadas.

Soldados colocaram coroas de flores e marchas militares acompanharam a cerimônia, que terminou com Hu e outros líderes oferecendo crisântemos amarelos e brancos, símbolo de luto no Oriente, diante do monumento de lembrança às vítimas - um relógio com a hora parada no momento do terremoto.

Hu também agradeceu o apoio internacional que China recebeu naquela tragédia, que, junto com outros eventos de 2008 - como as revoltas no Tibete e o escândalo do leite - "arruinaram" um ano que deveria ser festivo, devido à realização dos Jogos Olímpicos de Pequim. As comemorações de hoje e dos últimos dias incluíram também atos insólitos, como a inauguração de um museu de "relíquias do terremoto", entre elas um célebre porco que sobreviveu 36 dias entre os escombros.

Também houve um casamento coletivo de 20 casais da etnia Qiang, que voltara a se casar após todos terem perdido seus cônjuges no terremoto. O terremoto com epicentro no distrito de Wenchuan, onde fica Yingxiu, deixou 68,712 mil mortos e 17,921 mil desaparecidos, segundo os números oficiais. Daqui a dois anos, este segundo grupo será considerado também como mortos, a efeitos de indenizações às famílias.

Um ano depois, a maioria dos 4,8 milhões de pessoas que ficaram desabrigadas vivem em casas pré-fabricadas, à espera de que o Governo construa novos assentamentos ou inclusive cidades, como Nova Beichuan, que ficará a 30 quilômetros da arrasada Beichuan.

Uma visita à área um ano depois mostra que a reconstrução não avança por igual em todos os lugares, já que cada uma recebe ajuda de diversas regiões da China. Aquelas dependentes de lugares mais ricos - como Xangai ou Cantão - renascem mais rápido.

Alguns desabrigados já receberam casas novas a baixo aluguel, principalmente em zonas rurais, mas muitos deles continuam desabrigados e tiveram que usar a ajuda para montar negócios turísticos. A região se transformou, para o bem ou para o mal, em um ímã de turistas: só nas férias do Ano Novo Chinês, a zona foi visitada por 7 milhões de pessoas.

Uma das grandes feridas deixadas pelo terremoto foi o alto número de mortes de crianças e adolescentes (mais de 5,3 mil) em escolas que desabaram por causa do terremoto. Isso colocou em evidência o uso de materiais de má qualidade na construção de edifícios de centros de ensino e levantou suspeitas sobre possível corrupção entre políticos e construtores.

Foram prometidas ações legais contra os "criminosos" que foram considerados responsáveis pelas tragédias nas escolas, mas, um ano depois, essas investigações não começaram, enquanto o governo chinês está mais concentrado em evitar que essa tragédia não se repita.

Neste sentido, foram emitidas diretrizes sobre prevenção de desastres naturais, prometendo que serão reforçadas as escolas do país para torná-las resistentes a estas catástrofes, uma medida que, para muitos pais de crianças que morreram no terremoto, chega tarde e não faz justiça.

EFE   
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