Número de mortos em terremoto na Itália sobe para 228
7 abr2009 - 02h17
(atualizado às 15h56)
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O número de mortos no pior terremoto em três décadas na Itália subiu para 228, afirmaram autoridades ouvidas pelo jornal Corrieri Della Sera. De acordo com o último balanço, 11 pessoas estão desaparecidas. Os feridos são pouco mais de mil, dos quais 500 estão hospitalizados. Desses, cerca de 100 pessoas encontram-se em estado grave. Os desabrigados chegam a 17 mil: 10 mil da cidade de L'Aquila e o restante da província.
Mais de 24 horas depois que o tremor sacudiu a região de Abruzzo, no centro da Itália, equipes de emergência retiraram dois estudantes na manhã de terça-feira dos escombros de prédios em L'Aquila, a cidade de montanhas medieval de 68 mil habitantes que foi a mais atingida pelo desastre.
Cerca de 100 pessoas foram retiradas dos escombros, mas com muitos ainda desaparecidos a defesa civil diz que as esperanças de encontrar mais alguém com vida diminui a cada hora.
Na manhã de terça-feira, autoridades da Defesa Civil disseram que o número de desabrigados era de pelo menos 17 mil, muito menor do que os 100 mil estimados na segunda-feira.
Destruição
O terremoto, que registrou entre 5,8 graus e 6,3 graus na escala Richter, ocorreu pouco depois das 3h30 da manhã de segunda-feira (horário local), surpreendendo os moradores que dormiam em suas casas, derrubando igrejas antigas e outras edificações em 26 cidades. Autoridades da Defesa Civil estimaram que dois terços das edificações ruíram em L'Aquila.
Alguns outros tremores foram registrados durante a noite na área, a cerca de 100 quilômetros a leste de Roma, enquanto as pessoas se abrigavam em seus carros ou em barracas.
Por volta da 0h (horário local), um abalo de 3,8 graus na escala Richter fez a terra tremer no arredores de L'Aquila, Barreto e Scoppitto. Uma hora mais tarde, à 1h15, um tremor de maior intensidade - 4,8 graus - também foi sentido. As informações são do jornal espanhol El País.
Os mortos estavam em sua maioria em L'Aquila, uma cidade montanhosa do século 13 a cerca de 100 km de Roma, com 68 mil habitantes, e vilarejos vizinhos na região de Abruzzo.
Vinte e seis cidades foram seriamente atingidas no terremoto mais mortal da Itália desde 1980, quando um tremor de terra de 6,5 graus matou 2,735 pessoas no sul do país.
Relatos de sobreviventes
Por motivo de segurança, moradores decidiram passar a noite desta terça-feira em barracas e carros. "Não havia meio de arriscarmos voltar para nossa casa, mesmo que ela esteja só levemente danificada", disse Gianni Festa, que levou a mulher e o filho de 8 anos para dormir em um campo de atletismo. "Eu também não me arriscaria num hotel", completou.
Moradores de Roma, que raramente é atingida por atividade sísmica, foram acordados pelo terremoto, que ocorreu por volta das 3h30 de segunda-feira pelo horário local (22h30 de domingo no horário de Brasília).
Casas mais velhas e edificações feitas de pedra, particularmente em vilarejos remotos que não passaram por um processo de restauração, desabaram como casas de palha no pior terremoto a atingir a Itália em quase 30 anos.
Centenas de pessoas ficaram feridas e cerca de 15 mil edifícios foram interditados. "Milhares de edifícios desabaram ou foram danificados", afirmou Agostino Miozzo, uma autoridade da Defesa Civil.
Uma moradora de L'Aquila, observando um conjunto de apartamentos que foi reduzido à altura de uma pessoa adulta, afirmou: "O prédio tinha quatro andares". Alguns carros ficaram sob os escombros.
Em outra região da cidade, moradores tentaram calar os gritos das pessoas para identificar de onde vinha o choro de uma criança.
Houve inúmeros relatos de desabamentos de igrejas do estilo renascentista. Uma parte de uma residência universitária e de um hotel desabaram em L'Aquila, deixando dezenas de feridos e soterrados.
O terremoto levou ao chão a torre do sino de uma igreja no centro de L'Aquila. Pontes e rodovias na área montanhosa foram fechadas por precaução.
Ação do governo
"É um desastre sério. Agora nós devemos reconstruir e isso exigirá grandes quantias de dinheiro", disse o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, cujo governo já enfrenta um alto déficit e uma grande dívida pública. Berlusconi declarou emergência nacional e prometeu buscar centenas de milhares de euros do fundo de desastres da União Européia.
O primeiro-ministro Silvio Berlusconi cancelou uma viagem a Moscou e declarou emergência nacional. Após reunião ministerial no início da noite de segunda, o premiê italiano afirmou que liberaria fundos para assistência e reconstrução.
Apelo e oração
O papa Bento XVI disse que está fazendo uma oração especial pelas vítimas. Hospitais faziam apelos por ajuda de médicos e enfermeiros através da Itália. Um mau cheiro de gás cobria algumas partes das cidades montanhosas, após a ruptura de dutos.
Previsão desacreditada
Semanas antes do desastre, um cientista italiano previu que um grande terremoto ocorreria nos arredores de L'Aquila, baseado nas concentrações de gás radônio em áreas sismicamente ativas.
O sismólogo Gioacchino Giuliani foi notificado pela polícia por "espalhar o temor" e forçado a remover suas descobertas da internet. A Agência de Defesa Civil da Itália reassegurou aos moradores, no fim de março, que os tremores sentidos eram "absolutamente normais" para regiões sismicamente ativas.
O terremoto foi o mais recente e de maior magnitude de uma série de tremores que atingiram a região no domingo e nesta segunda-feira. Os tremores são particularmente perigosos na Itália, pois muitos edifícios têm séculos de existência.
Com informações da EFE, Reuters e Corrieri Della Sera
Italianos enrolados em cobertores se preparam para dormir em acampamento após terremoto em L'Aquila
Foto: AP
Equipe de emergência usa cães farejadores nas buscas por sobreviventes em Onna, sob forte chuva
Foto: AFP
Desabrigados fazem fila para pegar comida em acampamento da Defesa Civil em L'Aquila
Foto: AP
Policial passa em frente aos destroços de prédio do governo destruído pelo terremoto, em L'Aquila
Foto: Reuters
Carro é enterrado sob os escombros de edifícios atingidos pelo terremoto, em Onna
Foto: EFE
Equipe de resgate carrega homem ferido encontrado sob os escombros de sua casa, em L'Aquila
Foto: Reuters
Casal se abraça perto das ruínas da casa onde moram, em Onna
Foto: Reuters
Bombeiros e policiais procuram por sobreviventes em meio a destroços, em Onna
Foto: Reuters
Equipe de resgate procura por sobreviventes durante a madrugada, em L'Aquila
Foto: Reuters
Homem procura por parentes em rua coberta pelos destroços de prédios destruídos pelo terremoto, em L'Aquila
Foto: Reuters
Pessoas deixam as suas casas durante a noite após o terremoto atingir a cidade de L'Aquila
Foto: Reuters
O primeiro-ministro Silvio Berlusconi concede entrevista sobre a tragédia, em L'Aquila
Foto: AP
Giulio Selvaggi, diretor do Centro Nacional para Terremotos, observa registros de sismógrafos, em Roma
Foto: AP
Destroços de casa caíram sobre carros, em Onna
Foto: AP
Equipe de resgate e voluntários removem os destroços de prédio desabado, em Onna
Foto: AP
Bombeiro caminha em rua destruída, em Onna
Foto: AP
Lençóis brancos cobrem vítimas do terremoto, em Onna
Foto: AP
Homens se abraçam em meio a destroços de casas, em L'Aquila
Foto: AP
Cúpula da catedral de L'Aquila foi destruída pelo terremoto
Foto: AFP
Cães farejadores são usados nas buscas por sobreviventes em Castelnuovo
Foto: AP
Vista aérea mostra rastro de destruição deixado pelo terremoto em L'Aquila
Foto: AP
Terremoto derrubou diversas residências em L'Aquila
Foto: AP
Acampamento montado pela Defesa Civil abriga as vítimas do terremoto em L'Aquila
Foto: AP
Idosa e freiras descansam em acampamento da Defesa Civil em L'Aquila
Foto: AP
Helicóptero dos Bombeiros é usado na busca por sobreviventes em Onna
Foto: AP
Equipe de emergência socorre homem encontrado nos escombros de sua casa em L'Aquila
Foto: Reuters
Desabrigados por terremoto fazem fila para receber alimentos
Foto: AP
Bombeiros buscam sobreviventes entre escombros na cidade de L'Aquila
Foto: AP
Integrantes de equipe de resgate se aquecem durante intervalo nas buscas
Foto: Reuters
Homem observa destruição causada por terremoto na vila de Onna
Foto: Reuters
Família caminha em meio aos destroços de casas destruídas na cidade de Onna
Foto: Reuters
Equipe de resgate trabalha em meio aos destroços de casa destruída pelo terremoto, em Onna
Foto: Reuters
Entrada de casa foi destruída pelo terremoto, em Onna
Foto: Reuters
Equipe de resgate observa destroços de casas, em Onna
Foto: Reuters
Carro permanece em meio aos destroços de casas, em L'Aquila
Foto: Reuters
Escavadeira remove os destroços de prédios, em L'Aquila
Foto: AP
Bombeiros carregam o corpo de filha de um colega após retirá-lo dos escombros de uma casa, em L'Aquila
Foto: Reuters
Pessoas são atendidas do lado de fora do hospital St. Salvatore, em L'Aquila
Foto: Reuters
O voluntário Massimo Sanfilipo trouxe o seu cão Full para ajudar na busca por sobreviventes em L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Familiares de vítimas de terremoto se reúnem em frente a dormitório de universidade, em L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
O diretor geral de emergência, Sergio Basti, concede entrevista sobre a situação de dormitório de universidade em L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
O carro de Sergio Piancateli destruído parcialmente após o tremor de segunda-feira
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
O italiano Sergio Piancateli relembra os momentos de terror durante o tremor da madrugada de segunda-feira
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Casa resiste após perder as paredes externas no terremoto de segunda-feira
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Apartamentos estão destruídos apesar de alguns edifícios ainda resistirem aos danos
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Terremoto destruiu as estruturas de diversos edifícios na cidade de L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Nuvem de poeira é vista após novo tremor na cidade de L'Aquila
Foto: AFP
Igreja de Santa Maria Paganica teve parte do telhado derrubado pelo terremoto em L'Aquila
Foto: AP
Bombeiro chora após retirar o corpo de sua enteada dos escombros de casa em L'Aquila
Foto: Reuters
Maria Rita Tichetti e a família foram salvos graças ao desmoronamennto do prédio vizinho ao que moravam em L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Equipe da Defesa Civil italiana prestam assistência a vítimas dos tremores em abrigo improvisado em estádio de L'Aquila
Foto: Francisco de Assis / Especial para Terra
Integrante de equipe de resgate espanhola utiliza cachorro para ajudar na busca por sobreviventes em meio a destroços de prédio, em L'Aquila
Foto: AP
Médicos descansam em frente a tendas em acampamento na cidade de L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Equipe de recreacionistas brinca com crianças em acampamento, em L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Vítima de tremores lê jornal dentro de tenda em acampamento, em L'Aquila
Foto: Leandro Demori / Especial para Terra
Berlusconi observa fotos aéreas dos estragos provocados pelos tremores durante visita a equipes de resgate, em L'Aquila
Foto: Reuters
Vista aérea de parte da cidade de Onna, vizinha de L'Aquila, a mais atingida pelo terremoto da última semana
Foto: Reuters
Homem caminha em frente a uma montanha de escombros em Onna. O terremoto matou 13% da população da cidade
Foto: AP
Homens fazem fogueira ao lado de escombros em Onna. Segundo os bombeiros, 90% das casas - ou o que sobrou delas - terão de ser demolidas
Foto: AP
Homem visita casa parcialmente destruída em Onna. Em todo o país, 17 mil pessoas estão desabrigadas
Foto: AP
Homens trabalham com a ajuda das máquinas para remover os escombros que tomaram conta de toda a cidade
Foto: AP
Vista aérea da cidade, que era uma aldeia de agricultores e artesãos. Após mil anos, Onna não existe mais
Foto: Reuters
Tremores destruíram igreja na cidade de Onna
Foto: Reuters
Trator passa perto de escombros na cidade de Onna
Foto: Reuters
Homem recupera seus pertences após ter casa destruída
Foto: Reuters
Napolitano (esq.) visita áreas atingidas de Onna
Foto: Reuters
Parede derrubada pelo tremor expõe interior de casa em L'Aquila
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Moto ficou destruída após o terremoto
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Dezenas de carros foram destruídos pelos escombros
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Uma estante de livros pode ser vista através de um buraco de um prédio em L'Aquila
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Roupas e móveis foram abandonados nas ruas
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Carro destruído pelo tremor
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Carro destruído é abandonado em uma das ruas da cidade
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Cemitério de L'Aquila também foi bastante afetado pelos tremores
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Antes da cerimônia de hoje, mais de mil pessoas estavam enterradas no local
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Autoridades do Vaticano foram enviadas para o enterro das vítimas do tremor
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Algumas áreas do cemitério estão interditadas
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Há riscos de deslizamento no cemitério
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Algumas lápides estão sendo mantidas de pé por suportes
Foto: Francisco Assis / Especial para Terra
Berlusconi (dir.) acompanhou o enterro das vítimas em L'Aquila
Foto: Reuters
Foram enterradas nesta sexta 205 das 289 vítimas do tremor
Foto: Reuters
A cerimônia foi realizada no cemitério da cidade, que também foi afetado pelo tremo
Foto: Reuters
Antes do enterro, Berlusconi disse que a Itália pode receber até 500 milhões de euros da UE