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Mundo

Alemanha amanhece de luto após tragédia em Winnenden

12 mar 2009 - 07h55
(atualizado às 10h41)
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Bandeiras a meio mastro denunciaram na manhã desta quarta-feira o luto vivido por todo um país depois que um adolescente de 17 anos matou 15 pessoas antes de tirar sua própria vida em Winnenden, cidade no interior da Alemanha, ontem. No local da tragédia, centenas de velas foram deixadas do lado da escola Albertville em homenagem às vítimas.

Velas e uma mensagem questionando a tragédia foram deixadas do lado de fora da escola Albertville
Velas e uma mensagem questionando a tragédia foram deixadas do lado de fora da escola Albertville
Foto: AP

Na noite de quarta, Igrejas receberam dezenas de pessoas e outras tantas ficaram de vigília em um ato espontâneo chamado pela líder alemã Angela Merkel de "uma manhã para toda a Alemanha". "Nossos pensamentos estão com as famílias e com os amigos. Nós estamos pensando e rezando por vocês", disse Merkel, segundo a agência AFP.

A capa do jornal local Winnenden Zeitung apareceu nas bancas hoje quase toda em branco, com apenas uma palavra impressa: "por quê?". A mesma dúvida pairava pelas ruas e igrejas da cidade ao norte de Stuttgart. "Há mais violência do que havia há 10 anos. Eu não entendo", afirmou uma vendedora de Winnenden.

A polícia ainda não encontrou um motivo para a chacina. Onze das 12 vítimas da escola eram mulheres, todas mortas com tiros na cabeça. O atirador foi a uma das salas de aula três vezes. Na última vez ele disse: "Vocês ainda não estão mortos?". Então uma das professoras se jogou em frente a um dos alunos e acabou morta.

Inicialmente, as autoridades informaram que Tim Kretschmer teria matado 16 pessoas antes de cometer suicídio. No entanto, voltaram atrás e confirmaram 15 homicídios. As vítimas seriam três professoras, nove alunos da escola Albertville, uma pessoa morta pelo jovem em sua tentativa de fuga e dois homens assassinados na concessionária de veículos onde ele trocou tiros com a polícia antes de tirar a própria vida.

Tragédia anunciada

Tim Kretschmer, 17 anos, invadiu o centro de ensino na manhã de quarta-feira e matou nove estudantes, oito delas mulheres, e três professores, com uma pistola Beretta que recarregava de modo incessante. Durante a fuga matou mais três pessoas, antes de cometer suicídio após uma troca de tiros com a polícia. O adolescente havia anunciado sua intenção em um fórum na internet.

"Tenho armas aqui, amanhã pela manhã irei a minha antiga escola", escreveu Tim Kretschmer em um fórum de discussão na internet, informou o ministro do Interior do estado regional de Baden-Wurtemberg, Heribert Rech, em uma entrevista coletiva na manhã desta quinta. Na mesma oportunidade foram apresentadas as duas pistolas utilizadas pelo jovem no massacre.

"Estou farto, já tive o suficiente desta vida sem sentido, sempre a mesma coisa. Todos riem de mim e ninguém reconhece meu potencial", completou o jovem assassino. Na quarta-feira à noite mais de 1.000 pessoas participaram em uma missa na igreja local, ao mesmo tempo que uma equipe de psicólogos chegava à cidade para ajudar os moradores traumatizados.

Investigação

Enquanto a cidade faz a mesma pergunta estampada na capa do Winnender Zeitung, a polícia analisa se o pai do assassino deve ser indiciado. Ele possuía mais de 15 armas, todas legalmente registradas. Com exceção de uma, todas as demais estavam trancadas. No entanto, a arma do crime e as munições estavam ao alcance do jovem que.

Os investigadores também confiscaram o computador do assassino. "Examinamos o computador e encontramos jogos eletrônicos típicos deste tipo de louco, incluindo o jogo Counter-strike", afirmou Ralf Michelfelder, uma das principais autoridades da polícia local. A polícia alemã deve apresentar ainda nesta quinta-feira os primeiros elementos sobre as motivações do jovem.

Perfil

Tim Kretschmer era filho de uma família próspera. O pai dele dirige uma empresa de 150 funcionários. Os pais e a irmã do assassino foram levado para um local secreto, segundo os canais de televisão. O ministro do Interior de Baden-Wurtemberg, Heribert Rech, afirmou na quarta-feira que nada nos antecedentes do jovem permitia prever o ato.

O adolescente era introvertido. "Ele não era aceito e passava o dia sentado diante do computador", afirmou um de seus colegas, identificado apenas como Mario, ao canal de televisão N24. Os investigadores não descartam ainda que o adolescente tivesse problemas com as mulheres, já que quase todas as vítimas na escola foram garotas.

"Kretschmer destruiu a alma de uma escola e arrancou o coração de uma cidade", afirmou o ministro Rech. A chanceler Angela Merkel decretou "um dia de luto para toda Alemanha".

Com agências internacionais

Fonte: Redação Terra
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