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América Latina

Boca-de-urna aponta vitória do "sim" em referendo boliviano

25 jan 2009 - 20h11
(atualizado em 26/1/2009 às 08h00)
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Os bolivianos aprovaram, em um referendo neste domingo, uma nova Constituição de feitio socialista e indigenista patrocinada pelo presidente Evo Morales, segundo pesquisas de boca-de-urna de duas redes privadas de TV.

Membro do conselho eleitoral participa da contagem de cédulas do referendo para a nova Constituição
Membro do conselho eleitoral participa da contagem de cédulas do referendo para a nova Constituição
Foto: AP

De acordo com as projeções separadas das redes Unitel e PAT, a proposta de Carta Magna foi aprovada por 60 a 61% dos votos válidos, contra entre 39 e 40 por cento de votos pelo não.

Já a rede de televisão ATB projetou uma vitória do sim em uma contagem rápida de uma amostra de votos. Com 80 por cento de sua amostra contada, a ATB informou que 54,6% dos votos foram favoráveis à nova Constituição, contra 45,4% de votos contrários.

A nova Constituição, que encontra resistência entre os opositores, dá ao Estado poderes quase absolutos sobre a economia e abre as portas dos organismos de poder para a maioria indígena.

Esta é a segunda Constituição de viés socialista a vir à tona na América Latina nos últimos quatro meses - a primeira foi no Equador - aprofundando o giro da região para a esquerda.

Analistas esperavam a vitória de Morales devido à sua popularidade entre os indígenas das terras altas a oeste do país, que apesar de representarem dois terços da população boliviana, foram relegados durante décadas da vida política.

"Felizmente na Bolívia já são os povos que decidem, aprovam ou rechaçam propostas e normas, e isso vai se aprofundar no futuro", disse Morales depois de votar na Villa 14 de Septiembre, na região central do Chapare, onde começou sua carreira sindical como líder cocaleiro.

A nova Carta Magna boliviana enfrenta forte resistência dos departamentos a leste do país, dominados por descendentes de europeus e de onde a oposição direitista tentou evitar no ano passado a convocação do referendo com uma onda de protestos que deixaram vários mortos.

A nova Constituição boliviana, que permite a Morales tentar reeleger-se uma única vez em uma eleição antecipada que pode ocorrer em dezembro, estabelece que as 36 etnias indígenas que formam a Bolívia devem estar representadas nos poderes Legislativo e Judiciário.

Além disso, aprofunda uma reforma agrária ao proibir latifúndios e estabelece que o Estado exercerá o planejamento da economia e a administração dos recursos naturais e poderá intervir em toda a cadeia produtiva.

A oposição, dispersa entre partidos de centro e centro-direita, assegura que a nova Carta Magna criará um Estado totalitário e afugentará investimentos que o país mais pobre da América do Sul necessita com urgência.

Além disso, acusa Morales, um indígena aymara de 49 anos, de querer instaurar um regime centralizador inspirado por seu maior aliado, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

EFE   
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