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Mundo

Mulher conta como enfrentou suspeitos de matar soldado em Londres

23 mai 2013 - 16h55
(atualizado às 17h23)
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Uma mulher de 48 anos, com dois filhos, ganhou fama na Grã-Bretanha por ter tido a coragem de questionar um dos suspeitos de ter assassinado um soldado britânico no bairro de Woolwich, em Londres.

Ingrid Loyau-Kennett, que estava em um ônibus, desceu do veículo para tentar ajudar o militar e depois confrontou os atacantes, que ainda empunhavam facas e uma arma e tinham as mãos ensanguentadas.

Ela, que é líder de um grupo de bandeirantes (seguidoras do movimento de escotismo feminino), teria passado cerca de cinco minutos falando com os suspeitos, numa tentativa de evitar que eles atacassem outras pessoas.

Segundo fontes ouvidas pela BBC, os dois suspeitos de realizar o ataque em Woolwich - que foram baleados pela polícia e estão hospitalizados sob guarda policial - já haviam sido investigados pela polícia anteriormente.

Um deles foi identificado como Michael Adebolajo, de 28 anos, de origem nigeriana. Ele teria crescido em uma família cristã antes de se converter ao Islamismo, em 2001.

Nesta quinta-feira, a polícia prendeu outras duas pessoas em conexão com o ataque.

Leia abaixo declarações de Ingrid Loyau-Kennett à imprensa britânica sobre o ataque e sobre seu diálogo com os suspeitos:

"Por ser líder de um grupo de bandeirantes estou preparada para prestar primeiros socorros, e logo pensei que era um acidente. Me aproximei e vi que (o soldado) não tinha pulso. Não conseguia ver o rosto do homem e nem havia nada que indicasse que alguém havia tentado decapitá-lo. Também não vi nada que sugerisse que ele fosse um soldado.

Um homem negro com um chapéu preto e um revólver em uma mão e uma faca de açougueiro em outra se aproximou. Ele estava muito nervoso e disse que eu não deveria me aproximar do corpo.

Pensei em falar com ele antes que atacasse mais gente.

Essas pessoas costumam ter algo a dizer e pensei no que provavelmente ele queria naquele momento.

Perguntei-lhe se ele havia matado o homem. Ele me disse que sim. Perguntei-lhe por quê. E ele me disse que tinha matado o homem porque ele matara muçulmanos em países muçulmanos onde estão os soldados britânicos.

Ele não estava bêbado nem drogado, apenas irritado, mas em pleno controle de suas decisões e pronto para fazer o que quisesse fazer.

Ele me disse: "Queremos começar uma guerra em Londres hoje à noite".

Comecei a notar que tinha mais armas e vi um homem atrás dele com mais armas também. Nesse momento mais pessoas já se juntavam ao redor.

Pensei, OK, vou fazer com que continue falando comigo antes que ele se desse conta de tudo que acontecia em torno dele.

Eu disse a ele: "Agora você está sozinho, contra muitas pessoas, você vai perder. O que gostaria de fazer?", e ele me respondeu que queria permanecer ali e lutar.

E então lhe perguntei o que faria em seguida, porque a polícia chegaria a qualquer momento. Ele me disse que uma guerra estava sendo travada e que, se a polícia chegasse, mataria os agentes.

Vi que meu ônibus já se movia e imaginei que a polícia estava quase chegando. Dez segundos depois de eu subir (de novo) no ônibus, vi um carro de polícia e dois policiais, um homem e uma mulher, que saíam da viatura. Os dois homens negros correram contra o carro e os dois policiais dispararam, creio que nas pernas deles.

Vi que o homem com o chapéu preto estava gravemente ferido, porém os dois continuavam andando. Estou feliz de ter conseguido fazer o que pude para evitar mais problemas. Agora me sinto bem, mas suponho que toda essa comoção possa me afetar mais para frente."

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