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Mujica apoia entrada da Venezuela no Mercosul em meio a polêmica interna

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O presidente do Uruguai, José Mujica, defendeu nesta quarta-feira a entrada da Venezuela no Mercosul e afirmou que na reunião de cúpula realizada na semana passada em Mendoza (Argentina) a opinião política dos governos se sobrepôs ao aspecto jurídico.

"O cunho político superou amplamente o jurídico", afirmou Mujica sobre a polêmica gerada pela decisão tomada pelo Brasil, pela Argentina e pelo Uruguai de dar carta branca à entrada da Venezuela, apesar da falta de ratificação do protocolo de adesão por parte do Legislativo do Paraguai, o quarto membro do bloco.

No Uruguai essa postura gerou críticas da oposição e também do vice-presidente do país, Danilo Astori.

Mujica defendeu a decisão, precedida da suspensão temporária do Paraguai como membro do bloco, com o argumento de que a destituição de Fernando Lugo não está de acordo com a cláusula democrática do Mercosul, e assumiu toda a responsabilidade.

A "reunião reservada" na qual se definiu em Mendoza a forma de entrada da Venezuela no bloco regional foi solicitada pela presidente Dilma Rousseff, "mas os três países concordaram", disse Mujica.

Somente Dilma, Mujica e Cristina Kirchner, presidente da Argentina, participara da cúpula em Mendoza, já que o novo governo paraguaio não foi convidado, e estabeleceu-se que a entrada da Venezuela irá se concretizar em uma reunião no Rio de Janeiro em 31 de julho.

"Sou o responsável, e não o chanceler (uruguaio)", acrescentou Mujica, após os pedidos da oposição de que o ministro Luis Almagro fosse ao Parlamento explicar o que aconteceu em Mendoza e qual foi a postura uruguaia diante da entrada da Venezuela.

As queixas dos opositores se referem às declarações de Almagro nesta segunda-feira, quando o ministro expressou suas dúvidas sobre os aspectos jurídicos da decisão tomada para a entrada venezuelana no Mercosul e ressaltou que ainda não havia sido dita "a última palavra" sobre o assunto.

"Se todos tivessem certeza, a Venezuela teria entrado na sexta-feira passada em Mendoza. Houve um motivo para os países estabeleceram o prazo até 31 de julho", opinou.

Durante a reunião de chanceleres realizada na quinta-feira em Mendoza, "nós (Uruguai) fomos especialmente contra a entrada da Venezuela nessas circunstâncias", acrescentou Almagro.

A polêmica ganhou mais força ontem, quando o vice-presidente Danilo Astori qualificou a entrada da Venezuela como um "ferimento grave" no Mercosul, pois, como lembrou, o Tratado de fundação de Assunção estabelece que a entrada de um membro pleno "deve ser aprovada" por todos os membros plenos já existentes, neste caso, incluindo o Paraguai, apesar de estar suspenso.

Mujica ainda propôs "modificar" o Mercosul porque o bloco "nasceu na década de 1990 em um cenário predominantemente neoliberal".

EFE   
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