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Mubarak aguarda sentença após 10 meses de julgamento e 3 décadas no poder

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Após uma ditadura de três décadas e dez meses de julgamento, um tribunal egípcio deve emitir no sábado a sentença contra o ex-presidente Hosni Mubarak, que enfrenta a possibilidade de receber a pena de morte, pedida pela promotoria por seu suposto envolvimento na morte de manifestantes.

Mesmo assim, um dos advogados das vítimas, Assad Heikal, não descartou que a leitura da sentença seja atrasada pelo Tribunal Penal do Cairo, presidido pelo juiz Ahmed Refat.

"A corte adiará a decisão até a outra audiência no final do mês se a condenação for leve, porque a situação de segurança e política não permite ditá-la neste momento, mas, se a pena for dura, a sentença será pronunciada amanhã para tranquilizar os cidadãos", declarou Heikal à Agência Efe.

Para esse advogado, existem "sinais que indicam que a pena será leve".

No banco dos réus se sentarão amanhã, além de Mubarak, o ex-ministro do Interior, Habib al Adli e seis assessores supostamente envolvidos no massacre de manifestantes durante a revolução que levou à renúncia do líder no dia 11 de fevereiro de 2011.

Junto de Mubarak, de 84 anos, estarão também seus dois filhos, Alá e Gamal, acusados, da mesma forma que seu pai, por abuso de poder e enriquecimento ilícito.

O anúncio da sentença levantou uma grande expectativa no Egito, que acaba de sair do primeiro turno das eleições presidenciais no qual venceram o islamita Mohammed Mursi e um ex-funcionário de Mubarak, Ahmed Shafiq, último primeiro-ministro do ex-presidente.

Com este contexto político, outro advogado da acusação, Ramadán Fathala, ressaltou â Efe que "todos os indícios apontam que há intenção de indultar Mubarak caso Shafiq chegue ao poder", após o segundo turno - que acontecerá nos dias 16 e 17 de junho -, e por isso que, em sua opinião, a decisão será adiada para depois das eleições.

"Se todas estas acusações fossem contra um cidadão comum certamente o levariam à forca, mas no caso de Mubarak se vê que querem perdoá-lo", lamentou.

Em janeiro, a promotoria pediu a pena de morte para o ex-presidente por supostamente ordenar ao ministro do Interior disparar com armas de fogo contra os manifestantes pacíficos e incitar a matá-los com o pretexto de dispersar pela força os protestos que pediam a queda de seu regime.

Durante os últimos quatro meses, os juízes realizaram deliberações e revisaram as 70 mil páginas do arquivo do caso.

O chamado Julgamento do Século no Egito começou no dia 3 de agosto de 2011, após a detenção de Mubarak e de seus filhos em abril desse ano na localidade litorânea de Sharm el-Sheikh.

Nas retinas dos egípcios ficará a imagem do líder deposto, com pijama e deitado em uma maca, acompanhando as audiências.

Mubarak está internado no Centro Médico Internacional do Cairo, após sofrer um ataque cardíaco durante interrogatórios judiciais em abril de 2011, de onde foi transferido em helicóptero para Academia de Polícia sempre que precisava comparecer perante o juiz.

Seus filhos, Al Adli e os demais acusados estão presos na prisão de Tora, onde estão detidos vários dirigentes do antigo regime.

Durante todo este tempo, o tribunal, que chegou a ser recusado pelos advogados das vítimas, escutou as alegações da promotoria e da defesa, além das testemunhas, a maioria policiais e pessoas presentes durante a repressão dos protestos.

Os momentos mais esperados foram os depoimentos do chefe da Junta Militar, marechal Hussein Tantawi, do ex-vice-presidente Omar Suleiman, do chefe do Estado-Maior, Sami Anan, e do ex-ministro do Interior, Mansur Esaui, cujo conteúdo as autoridades não divulgaram na imprensa.

No entanto, um advogado da acusação revelou à Efe que, em seu depoimento, Suleiman negou categoricamente que Mubarak tenha ordenado disparos contra os manifestantes.

Por ocasião da sessão de amanhã, as autoridades prepararam um plano especial de segurança, em colaboração com a polícia e o Exercito, para que não se repitam os incidentes que marcaram o início julgamento em agosto, quando houve dezenas de feridos em choques entre partidários e opositores de Mubarak.

EFE   
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