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Mistério sobre saúde de Cristina gera especulações na Argentina

7 out 2013 - 12h51
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A falta de informações oficiais sobre o estado de saúde da presidente da Argentina, Cristina Kirchner, gerou uma série de especulações médicas e políticas no país.

No sábado à noite, o porta-voz da Presidência, Alfredo Scoccimaro, foi à TV ler um comunicado televisão em que diz que ela sofreu traumatismo craniano no dia 12 de agosto.

Segundo o porta-voz, exames iniciais não apresentaram nada de errado, mas no sábado ela esteve no hospital novamente, desta vez para exames cardiovasculares. Scoccimaro afirma que a presidente apresentava "um quadro de cefaleia" - termo médico para dor de cabeça - e foi constatada a presença de um hematoma no cérebro.

Devido a isso, por recomendação médica ela ficará um mês de repouso - embora, até agora, não tenha indicado que pretende se licenciar do cargo.

Depois do comunicado, Cristina foi flagrada no banco de trás de um carro, deixando um hospital em Buenos Aires. Mas desde então, nada mais foi informado.

"Aparentemente, pelo que foi dito, a presidente bateu a cabeça, o que provocou a acumulação de sangue entre o cérebro e a meninge exterior que protege o sistema nervoso central", disse o médico Ignácio Previgliano, professor de neurologia da Universidade Maimônides, ao jornal "La Nación".

Ele ressalvou que não podia avaliar melhor a situação porque não foi informado em que lugar exato ocorreu o trauma. Mas ele disse que "geralmente é necessária uma cirurgia", a não ser que o hematoma seja pequeno.

Patinação

O analista político do jornal Clarín, Eduardo van der Kooy, escreveu que a pancada na cabeça, no dia 12, pode ter ocorrido durante uma de suas voltas de patins na residência presidencial. A presidente contou, tempos atrás, que patina nas horas livres no local.

O médico neurologista Gabriel Persi, do Instituto de Neurociências de Buenos Aires, disse ao jornal "Clarín" que, dependendo do tamanho do coágulo, ele pode provocar problemas como convulsões e confusão em pacientes que estão com estresse.

Na emissora de televisão TN (Todo Notícias), uma jornalista perguntou a um médico, que também é jornalista e crítico do governo, Nelson Castro, se seria recomendável que ela não volte ao cargo devido ao tratamento.

"É um diagnóstico delicado. Eu não aconselharia (seguir). O ideal é que os médicos da Presidência expliquem melhor o que está acontecendo com a saúde da presidente", respondeu.

Um colunista do jornal "La Nación" escreveu que ela tem sofrido quedas seguidas e um médico da rádio Mitre afirmou que a presidente "emagreceu oito ou dez quilos em pouco tempo e que vive sob forte estresse".

Vice assume?

A presidente foi reeleita em 2011 com 54% dos votos, mas atualmente as pesquisas de opinião indicam que o apoio popular a ela estaria em baixa, em torno de 35%.

Na sua gestão, ela ficou viúva do ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007), morto em 2010, bateu a cabeça em um comício, em junho de 2011, foi submetida a uma cirurgia para a retirada da glândula tireoide e especulou-se, então, que teria câncer.

Os resultados deram negativo, mas, na época, ela se licenciou da Presidência.

O governo de Cristina Kirchner, cujo mandato termina em 2015, é criticado por questões como a inflação, cujo dado oficial é apontado como maquiado, e pelo controle cambial, adotado desde 2011.

As distorções econômicas podem afetar o resultado das eleições legislativas do dia 27 próximo, quando será renovada metade das cadeiras da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, em uma composição que definirá o apoio do governo no Congresso.

A expectativa é de que o vice-presidente Amado Boudou assuma a presidência, como prevê a constituição, caso Cristina peça licença do cargo.

Mas a imprensa local especula que Cristina não irá se licenciar do cargo e que continuará governando, mesmo em repouso. "A presidente repousa e existem dúvidas sobre o papel do vice", publicou o jornal "La Nación".

Já o "El Cronista "destacou que o vice ocupará o cargo da presidente, mas "com poder limitado para não afetar a campanha" dos candidatos governistas ao Congresso.

Nesta segunda-feira, Boudou já liderou um evento oficial na Casa Rosada para a entrega de viaturas policiais sem a presença da presidente.

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