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Mundo

Missão africana oferece imunidade para renúncia de Gbagbo

3 jan 2011 - 12h22
(atualizado às 13h12)
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Os presidentes do Benin, Cabo Verde e Serra Leoa além do primeiro-ministro do Quênia já chegaram na Costa do Marfim para oferecer imunidade judicial em troca da renúncia de Laurent Gbagbo, para que ele ceda o poder pacificamente a Alassane Ouattara.

Simpatizantes do líder da oposição Alassane Quattara protestam na capital Abidjã, neste sábado pela manhã, contra a alteração do resultado das eleições marfinenses
Simpatizantes do líder da oposição Alassane Quattara protestam na capital Abidjã, neste sábado pela manhã, contra a alteração do resultado das eleições marfinenses
Foto: Schalk van Zuydam / AP

A missão da Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao) e da União Africana (UA) supõe uma última tentativa de convencer Gbagbo e evitar uma guerra.

"Há indícios que Gbagbo poderia aceitar uma renúncia, mas ele quer garantias de que não será processado por violações dos Direitos Humanos quando deixar o poder", disse nesta segunda-feira à Agência Efe uma fonte da Cedeao que anonimato.

Além disso, Gbagbo quer conservar suas contas no estrangeiro que foram bloqueadas, pelo menos nos Estados Unidos e na União Europeia, e "que seus principais partidários tenham um lugar no novo Governo de Ouattara", acrescentou a fonte.

A oferta seria a última tentativa, antes do uso da Força militar, de convencer Gbagbo a ceder pacificamente o poder a Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como vencedor do segundo turno das eleições presidenciais marfinianas no dia 28 de novembro.

Os presidentes Yayi Boni, do Benin; Pedro Pires, de Cabo Verde, e Ernest Koroma, de Serra Leoa, já estiveram na terça-feira passada na Costa do Marfim e advertiram Gbagbo que a Cedeao poderia utilizar de Força militar caso ele não entregasse o poder a Ouattara, reconhecido pela comunidade internacional como vencedor das eleições presidenciais do dia 28 de novembro.

A missão também tem apoio de Raila Odinga, primeiro-ministro queniano, como enviado da UA, que se reuniu no domingo em Abuja com o presidente nigeriano e titular de turno da Cedeao, Goodluck Jonathan, para coordenar suas posições.

O primeiro a chegar a Abidjan nesta segunda-feira foi Odinga e, pouco antes do meio-dia (horário local), chegaram os três chefes de Estado da África do oeste, que por enquanto têm reunião marcada com Gbagbo e, provavelmente, posteriormente se encontrarão com Ouattara.

Nesta segunda-feira, Patrick Achi, porta-voz do Governo de Ouattara, disse que a delegação africana deve somar todos os esforços para "convencer Laurent Gbagbo".

Jonathan, segundo os jornais nigerianos, disse neste último final de semana que, após a visita, a Cedeao adotará uma decisão definitiva sobre o que fazer na Costa do Marfim, com planos militares de intervenção.

Koroma, presidente de Serra Leoa, indicou que esta visita "será a última" para tentar convencer Gbagbo para que aceite uma saída pacífica.

Após o Ano Novo, Gbagbo insistiu em dizer que ele é o presidente e voltou a pedir à Operação das Nações Unidas na Costa do Marfim (ONUCI) que saia do país, enquanto o Governo de Ouattara disse que o objetivo da Força é tirar Gbagbo da Presidência.

Costa do Marfim enfrenta ao reatamento da guerra civil (2002-2007) que deixou o país dividido e controlado no sul pelas Forças Armadas e de segurança, leais a Gbagbo, e no norte pelas Forças Novas de Soro, que não se desarmaram após o conflito e respaldam a Ouattara.

O líder dos violentos Jovens Patriotas partidários de Gbagbo, Charles Blé Goudé, ameaçou a segurança na Costa do Marfim e insistiu em acabar com o Governo de Ouattara.

Se a ameaça se cumprir, a violência poderia atingir todo o país, onde os seguidores de Gbagbo, segundo denúncias da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Governo de Ouattara, também teriam o apoio de milícias e mercenários liberianos para cometer assassinatos, sequestros e outras graves violações dos Direitos Humanos.

EFE   
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