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Militante feminista da Tunísia responderá acusações em liberdade

1 ago 2013 - 14h22
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A ativista tunisiana Amina Esbui, que está em prisão preventiva desde o último mês de maio por atentado ao pudor e por violação de espaço sagrado, foi libertada nesta quinta-feira e responderá em liberdade às acusações, disse seu advogado a uma rádio tunisiana.

O advogado Ghazi Mrabet disse à rádio "Mosaique" que a decisão é "uma grande vitória", sobretudo depois do "assédio judicial" sofrido pela jovem, militante do grupo feminista Femen.

Amina foi detida no dia 19 de maio na cidade de Kairouan e está sendo julgada no tribunal de Msaken, na província de Susa.

A ativista ficou famosa no começo do ano após mostrar seus seios na internet, para denunciar a moral conservadora de seu país. O fato gerou uma grande polêmica entre associações civis que a defenderam e grupos radicais islâmicos que a condenaram firmemente por esse comportamento.

Após sua prisão, Amina foi acusada, além disso, por posse de um spray de pimenta e condenada a pagar uma multa de 150 euros.

A promotoria também acrescentou à acusação de atentado ao pudor a de violação de espaço sagrado por Amina ter pintado o nome "Femen" no muro do cemitério de Kairouan, e o juiz pediu sua prisão preventiva.

Na segunda-feira passada, o mesmo tribunal de Susa decretou o sobrestamento de outro caso em que a ativista era julgada, por "ultrajar e difamar" um funcionário da penitenciária.

Pouco depois da aparição das fotos de Amina seminua começaram as reações de rejeição dos grupos islamitas mais radicais.

O presidente da organização civil de corte salafista "Associação Moderada para a Conscientização e a Reforma", Adel Almi, pediu que a jovem fosse "castigada".

"Essa jovem, segundo a lei islâmica, merece receber entre 80 e 100 chibatadas, mas o que ela fez supera isso por muito, por isso merece ser apedrejada até a morte", disse o religioso em março.

A polêmica se intensificou ainda mais quando três ativistas europeias, as francesas Pauline Hillier e Marguerite Stern, de 27 e 23 anos respectivamente, e a alemã Josephine Markmann, de 19, protestaram seminuas no dia 29 de maio em frente ao Palácio de Justiça da capital tunisiana para denunciar o processo aberto contra Amina.

As três feministas foram presas por "atentado ao pudor, aos bons costumes e à moral pública" e foram condenadas a dois meses de prisão, mas não precisaram cumprir pena, por isso foram libertadas no dia 26 de junho.

Segundo vários representantes de ONGs e ativistas tunisianas, o caso das três europeias, também integrantes do Femen, prejudicou Amina devido à moral conservadora que impera no país, onde os métodos do Femen não são muito bem-vistos.

"Não estou louca, eu sou livre. Estou na prisão, mas me sinto mais livre que muita gente que está fora dela. Estar aqui não é pior do que estar fora vendo como se instaura uma ditadura religiosa na Tunísia", disse a ativista em mensagem divulgada em meados de junho pelo Comitê de Apoio a Amina.

EFE   
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