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Mundo

Milhões de pessoas sofreram abusos por conflitos ou imigração, diz AI

22 mai 2013 - 20h04
(atualizado às 20h51)
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Milhões de pessoas que fugiram de áreas em conflito, como a Síria, ou emigraram em busca de uma vida melhor foram vítimas de abusos dos direitos humanos no último ano, diz o relatório anual da Anistia Internacional (AI).

Em seu documento, intitulado "O estado dos direitos humanos no mundo", a AI afirma que averiguou abusos em 159 países e alerta que a falta de medidas para proteger estes direitos transformam o mundo em um "lugar perigoso" para refugiados e imigrantes.

A organização humanitária afirma que os governos mostraram mais interesse em proteger as fronteiras nacionais que os direitos de seus cidadãos ou dos que buscam refúgio ou oportunidades em novos países.

A organização pró-direitos humanos denuncia a grave situação na Síria, assim como casos de violações dos direitos fundamentais em Coreia do Norte, Mali, Sudão e República Democrática do Congo.

Em entrevista coletiva em Londres, Donatella Rovera, assessora da AI para situações de crise, qualificou hoje como "um escândalo" que não tenha havido uma séria tentativa da comunidade internacional para levar a Síria ao Tribunal Penal Internacional.

Ao descrever a grave crise humanitária na Síria, Sovera disse que a situação é "inimaginável", pois há famílias obrigadas a se deslocar constantemente, e citou o exemplo de uma mãe com seis filhos que teve que mudar de refúgio seis vezes em um curto período de tempo.

Em seu relatório anual, a AI contabilizou 112 países nos quais foram torturados seus cidadãos, e 101 onde foi reprimido o direito à liberdade de expressão.

Segundo a organização, 80 países submeteram pessoas a julgamentos injustos. No caso da Síria, afirma, os números de mortos e pessoas que fogem do conflito aumentaram, e as forças de segurança sírias continuaram com os ataques indiscriminados contra civis, além de prosseguirem com detenções arbitrárias, torturas e execuções extrajudiciais.

"O respeito da soberania do Estado não pode ser utilizado como desculpa para a falta de ação", afirmou o secretário-geral da AI, Salil Shetty, que considera que o Conselho de Segurança da ONU deve combater os abusos que destroem vidas.

No relatório, a AI afirma que metade da população mundial permanece na categoria de cidadãos de segunda classe, já que não desfrutam plenamente de seus direitos.

Segundo a AI, na África, o conflito, a pobreza e os abusos das forças de segurança e dos grupos armados expuseram a fraqueza dos mecanismos regionais de proteção dos direitos humanos.

O dissidente chinês Chen Guangcheng, que ficou quatro anos preso em seu país por denunciar os abortos forçados na província de Shandong e que no ano passado se refugiou na embaixada americana, participou da apresentação do relatório.

Chen, que atualmente vive nos Estados Unidos, pediu à comunidade intencional que não se esqueça de outros dissidentes que continuam lutando na China.

No caso dos países do norte da África e do Oriente Médio, a AI ressalta que apesar de conseguiram derrotar ditadores, há desafios pela frente em matéria de liberdade de expressão.

Segundo Shetty, muitas pessoas que abandonam seus países terminam sendo vítimas do trabalho forçado e de abusos sexuais.

De acordo com a AI, a União Europeia implementa controles de fronteira que põem em risco a vida de imigrantes e solicitantes de asilo e fracassa em garantir a segurança dos que fogem dos conflitos ou de perseguição.

Em muitos lugares do mundo, acrescenta, milhões de imigrantes trabalharam em condições similares às de trabalhos forçados ou similares à escravidão porque os governos os trataram como criminosos ou porque a suas empresas interessava mais os lucros do que os direitos dos empregados.

"Um futuro melhor e mais justo é possível se os governos respeitarem os direitos humanos de todas as pessoas, sem importar sua nacionalidade", declarou Shetty.

EFE   
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