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Migração estrangeira para o Rio tem mão de obra mais qualificada

16 jun 2015 - 17h11
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Dos 76,7 mil estrangeiros que viviam no estado do Rio de Janeiro, em 2010, de acordo com o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em torno de 70% ou 53,7 mil imigrantes moravam na cidade do Rio. Deles, 40% ou aproximadamente 21,5 mil tinham alto nível de instrução e cargos bem remunerados, em níveis de gerência e diretoria. Em contrapartida, 39% não tinham sequer instrução fundamental e 21% declararam ter nível intermediário.

Esse é o perfil dos estrangeiros residentes na capital fluminense, de acordo com pesquisa divulgada hoje (16) pela Pastoral do Migrante e Rede de Migração Rio, com base nos três últimos censos decenais. Em 2010, 29,2 mil estrangeiros com mais de 10 anos de idade trabalhavam (27% na área de ciências; 20% nos setores de serviços, comércio e mercados; 15% disseram ser gerentes ou diretores de empresas; e os demais exerciam ocupações elementares.

O demógrafo do IBGE, Tadeu Oliveira, que coordenou a pesquisa, explicou que nas três décadas analisadas identificaram a presença crescente de pessoas vindas dos Estados Unidos e de países europeus, indicando uma imigração qualificada para o estado. “Não se trata mais daquele trabalhador que vinha para a agricultura ou para a indústria. É uma mão de obra qualificada que está vindo da Europa. Também vemos um fluxo muito importante da América do Sul, da África e até da China”, comentou.

Outra mudança que chama a atenção foi o aumento da diversidade de fluxos de imigrantes e um processo de desconcentração em torno dos três países mais presentes: Portugal, Itália e Espanha. Os portugueses continuam a ser os principais estrangeiros residentes no Rio, mas houve redução de aproximadamente 12% da participação portuguesa entre 1991 e 2010 no estado, e isso reflete uma tendência de queda em todo o país, segundo a pesquisa.

Simultaneamente, os sul-americanos aumentaram significativamente sua presença no Brasil nas últimas décadas, representando 11,6% do total de estrangeiros em 2010, ante 6,3% em 1991. Principalmente de argentinos, tanto na capital fluminense quanto no estado, que acolhe cerca de 20% de todos os estrangeiros que vivem no país.

O crescimento da presença africana registrou-se sobretudo pelo aumento da participação dos angolanos, que praticamente dobrou de 1.074, em 1991, para 2.124, em 2010. O estudo sugere que a maior presença de africanos também aponta a diversificação de origens, influenciada pelas solicitações de refúgio nas últimas décadas.

Para o demógrafo do IBGE, o estudo poderá contribuir com subsídios para políticas públicas específicas para imigrantes, que não existem no país. “Temos o Estatuto do Estarngeiro, que é uma lei criada na época da ditadura, e o estrangeiro ainda é uma ameaça. Existem uns três projetos de lei tramitando no Congresso Nacional, mas política pública mesmo – de garantias do direito do imigrante – não temos, nem lugar decente para abrigá-los quando cruzam a fronteira, nem política de inserção no mercado de trabalho. Hoje, trabalhamos no improviso”, completou.

Agência Brasil Agência Brasil
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