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Mundo

Malineses aguardam desdobramento das tropas da Cedeao no país

13 jan 2013 - 13h31
(atualizado às 13h54)
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Os cidadãos de Mali - civis, militares e políticos - aguardam o rápido desdobramento das tropas da Cedeao para "libertar" o norte do país dos grupos radicais islâmicos que iniciaram uma ofensiva que ameaça o sul.

Para a opinião pública, o desdobramento é consequência da operação iniciada na sexta-feira pelo Exército regular malinês com apoio aéreo francês e que tinha como objetivo recuperar a cidade de Kona, no centro do país, na linha fronteiriça imaginária que separa o sul do norte de Mali, e que na quinta-feira caiu em poder dos salafistas.

A presença das forças francesas e da Comunidade de Estados de África Ocidental (Cedeao) foi amparada pelos cidadãos de Mali, em particular por muitos habitantes da região setentrional, controlada pelos salafistas desde junho.

"Esta mobilização internacional é uma notícia muito boa, mas agora é preciso aumentar a pressão para libertar o norte das garras dos terroristas e eliminar o medo e o sofrimento da população local", disse à Agência Efe Aissa Cissé, membro da Associação de moradores do norte.

Em junho de 2012, três grupos salafistas - Ansar Al Din, Monoteísmo e Jihad em África Ocidental (MYAO) e Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI)- tomaram o controle do norte de Mali, onde impuseram um sistema baseado em uma estrita interpretação da "sharia", a lei islâmica.

Os radicais islâmicos se apoderaram do norte de Mali após eliminar os rebeldes tuaregues do Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA), que em abril de 2012 proclamaram unilateralmente a independência da região, um vasto território de 850 mil quilômetros quadrados de superfície.

A Cedeao autorizou na sexta-feira o desdobramento imediato de uma força de combate "para ajudar o Governo de Mali a restabelecer sua soberania sobre a totalidade do território nacional."

Entre os países que fornecem tropas ao contingente (composto por entre 3.300 e 3.500 soldados) figuram Senegal, Benin, Níger, Nigéria e Burkina Fasso, entre outros.

O ex-presidente do Parlamento malinês Ibrahim Boubacar Keita disse à Agência Efe que "a prioridade é Mali e que as tropas multinacionais fazem falta para que nosso país recupere a dignidade e a estabilidade".

Inclusive, o capitão Amadu Haye Sanogo, que foi chefe da junta militar que em março deu um golpe de Estado que derrubou o presidente malinês, Amadu Tumani Touré, e que sempre se mostrou contrário à intervenção estrangeira, felicitou o desenvolvimento das operações e o desdobramento das tropas africanas.

"Graças a todas nossos parceiros, que hoje estão a nosso lado", declarou Sanogo à televisão, ao mesmo tempo em que elogiou o trabalho da França, que, disse, "desempenhou um papel capital" nas operações militares junto ao Exército regular malinês.

Enquanto isso, hoje prosseguem as operações em torno da cidade de Kona, onde a Força Aérea francesa efetuou várias incursões para eliminar os focos de resistência salafista.

Uma fonte militar malinesa disse que os ataques aéreos não se limitam só a Kona, mas se estendem até Lere, uma cidade próxima à fronteira com a Mauritânia e sob controle dos salafistas.

Em Gao, uma das três grandes cidades do norte de Mali em poder dos salafistas, as milícias pró-governo, que praticamente estão neutralizadas desde junho de 2012, manifestaram agora a vontade de reagrupar-se para apoiar o Exército regular.

Fontes médicas em Gao indicaram que o hospital local está "cheio de feridos", registrados nas fileiras salafistas nos combates das últimas 48 horas.

Entre os falecidos do bando salafista poderia estar Abdel Karim, um dos dirigentes do Ansar Al Din, que morreu na sexta-feira passada em um dos combates travados em Kona, disse neste domingo à Agência Efe um oficial do Exército malinês, o capitão Sidi Djara.

EFE   
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